sábado, 31 de dezembro de 2011

Santa Maria Mãe de Deus - Dia mundial da Paz

       1 - Hoje, neste domingo, ao começar um novo ano, reunimo-nos para celebrar o Filho de Deus feito homem. Fazemo-lo, contemplando-O nos braços de Maria, que no-l’O oferece, que nos convida a aproximar-nos d’Ele como fizeram os pastores em Belém.
       Com fé e com esperança, peçamos a Jesus, Príncipe da Paz, que o seu amor e a sua paz alcancem o mundo neste ano que hoje começamos.
       Desde há 45 anos que, por iniciativa do Papa Paulo VI, o primeiro dia do ano, dia da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, é celebrado como Dia Mundial da Paz. E como admirar-se desta escolha, se no fim da Ladainha de Nossa Senhora nós a invocamos como Rainha da Paz, coroando com esta invocação um dos bens maiores pelo qual anseia a humanidade!
        2 - O tema da mensagem de Bento XVI para este Dia Mundial da Paz é: Educar os Jovens para a Justiça e a Paz. O Santo Padre está convencido de que os jovens podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo. E é com esperança que o Papa afirma: “Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No Salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor ‘mais do que as sentinelas pela aurora’ (v.6), aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz, misericórdia, salvação. Esta expectativa nasce da experiência do povo eleito, que reconhece ter sido educado por Deus a olhar o mundo na sua verdade sem se deixar abater pelas tribulações. Convido-vos a olhar o ano de 2012 com esta atitude confiante.”
       A mesma toada confiante nos é transmitida por D. António Couto, o nosso novo bispo, que iniciará o seu ministério episcopal na diocese no próximo dia 29: ”Com alegria e confiança de criança, levanto os meus olhos para os montes, para Aquele que guarda a minha vida, de noite e de dia, quando saio e quando entro, desde agora e para sempre! É com esta luminosa melodia do Salmo 121, que canto, neste dia, ao bom Deus, que sei bem que «tem sido o meu pastor desde que existo até hoje» (Génesis 48,15). D’Ele quero ser transparência pura, sempre, como Ele, pastor que visita, com um olhar repleto de bondade, beleza e maravilha, os seus filhos e filhas que Ele agora me confia. Enche sempre, Senhor, o meu olhar, mãos e coração com a tua presença bela e boa. Que, em mim, sejas sempre Tu a visitar o teu povo. É esta divina maneira de ver bem, belo e bom (episképtomai), que diz o bispo (epískopos) e a visita ou visitação pastoral (episkopê) (Lucas 1,78; 7,16; 19,44).” 
       Unamo-nos nos mesmos sentimentos aos nossos Pastores e enfrentemos o novo ano na confiança, na esperança e na paz.

       3 – A paz é dom de Deus, mas é também trabalho do homem. Deus não nos dispensa do nosso trabalho e a tarefa que Bento XVI que aponta é a aposta na educação. O Santo Padre lembra que educar – na sua etimologia latina “educere” - significa conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade, rumo a uma felicidade que faz crescer a pessoa. E aponta lugares concretos para uma verdadeira educação para a paz e a justiça:
  • A família, já que os pais são os primeiros educadores e a família é a célula originária da humanidade;
  • Os responsáveis das instituições com tarefas educativas, que devem velar para que, em todas as circunstâncias, seja valorizada e respeitada a dignidade de cada pessoa;
  • Os responsáveis políticos, que devem ajudar as famílias e as instituições educativas a exercerem o seu direito - dever de educar;
  • O mundo dos media, para que não se limitem a informar mas também a formar na medida em que existe uma ligação estreitíssima entre educação e comunicação;
  • Também os jovens são convidados a fazer um uso bom e consciente da liberdade para serem responsáveis pela sua própria educação e formação para a justiça e a paz. 
        Aceitemos a missão que o sucessor de Pedro nos confia, com a mesma confiança e generosidade com que Nossa Senhora aceitou a interpelação do Anjo, que lhe permitiu ser a Mãe de Deus.

Pe. João Carlos,

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Carta de D. Clemente, Bispo do Porto, às famílias


postado a partir do POVO

O nó do lençol

Neste dia que celebramos o festa da Sagrada Família (de Nazaré: Jesus, Maria e José, e cada um de nós), deixamos esta pequena estória. Desconhecemos autoria da mesma, mas vale a pena ler e meditar. Quando falta tempo e comunicação...
 (Imagem da Diocese de Lamego, usada na Programação Pastoral 2012)

       Numa reunião de pais numa escola da periferia, a professora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos e pedia-lhes que se fizessem presentes o máximo de tempo possível... Considerava que, embora a maioria dos pais e mães trabalhasse fora, deveria arranjar tempo para se dedicar às crianças. 
       Mas a professora ficou muito surpreendida quando um pai se levantou e explicou humildemente, que não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana, porque quando ele saía para trabalhar era muito cedo e o filho ainda estava a dormir. Quando voltava do trabalho já era muito tarde e o filho já não estava acordado.
       Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família, mas também contou que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava compensá-lo indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa. E para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia religiosamente todas as noites quando ia beijá-lo.
       Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.
       A professora emocionou-se com aquela história e ficou surpreendida quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola. O fato faz-nos refletir sobre as muitas maneiras de as pessoas se fazerem presentes, de comunicarem com os outros.
       Aquele pai encontrou a sua, que era simples mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó, o que o pai estava a dizer. Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele filho, muito mais do que presentes ou a presença indiferente de outros pais.
       É por essa razão que um beijo cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o medo do escuro...
       É importante que nos preocupemos com os outros, mas é também importante que os outros o saibam e que o sintam. As pessoas podem não entender o significado de muitas palavras, mas sabem reconhecer um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja apenas um nó num lençol...

Sagrada Família de Jesus, Maria e José

 
Oração da Família:
Senhor, nosso Pai,
Tu quiseste que o Teu Filho
nascesse e crescesse
no seio de uma família como as outras.
Assim, ao longo de uma vida simples,
Ele aprendeu, pouco a pouco,
de José e de Maria
a tornar-Se adulto e a descobrir a sua missão.


Por isso, Senhor, nosso Pai,
nós Te pedimos que as famílias de hoje
sejam fortes, estáveis e vivam em harmonia.
Que cada um atinja o pleno desenvolvimento
na alegria de estar juntos, até ao perdão.
Que elas escutem todos os apelos
vindos de fora.


Pai, tu que és todo Ternura,
concede às famílias feridas pela doença,
o luto, a divisão ou a ruptura,
a coragem de continuarem a crescer
e a esperar em Ti,
sem nunca perderem a confiança um no outro.


Que cada família acolha o Teu Espírito
e, dia após dia, d’Ele receba a inspiração. Amém.
(Cardeal G. Dannels, Bélgica)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Olhar em frente... 2012!

Este tempo não é de resignações (como não o é nenhum tempo)
        Não me recordo de um ano que se iniciasse com tão maus augúrios como vai começar 2012: tem já prometida mais austeridade em Portugal e nasce com uma suposta maldição milenar que o associa ao fim do mundo. Promete.
       Há quem goste de manter expectativas baixas, para não se desiludir e o próximo ano é tentadoramente enganador, desse ponto de vista: se tudo o que parece poder correr mal vier a correr efetivamente mal, temo que muitos se limitem a encolher os ombros e a murmurar um breve ‘já sabia’. 
       A experiência mostra que é preciso apontar para cima e olhar sempre em frente para podermos realizar as nossas aspirações mais legítimas e, se for caso disso, ultrapassar os limites.
       Este tempo não é de resignações (como não o é nenhum tempo): as mensagens que o Papa e os bispos de Portugal foram deixando, nesta quadra, não perderam de vista o realismo das situações de pobreza, de conflito ou de qualquer outra necessidade, mas apontaram sempre numa direção de confiança, de possibilidade de futuro melhor, maior ainda, quem sabe, do que aquilo que sonhamos. Essa é, no fundo, uma lição cristã de Natal, aprendida no nascimento de Jesus, que podemos transportar a todo o momento.
       Essa mensagem de esperança precisa de chegar de outros pontos da sociedade, a nível nacional e global, para que o futuro de tantas pessoas não se assemelhe, de forma vergonhosa, à pobreza e precariedade com que viveram os seus pais e avós, como tantos outros antes deles, tendo de fugir, muitas vezes, de um destino que parecia inevitável no seu próprio país, por falta de soluções.
       2012 vai ser também um ano cheio para a Igreja Católica, com a comemoração dos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II, o início do Ano da Fé, a realização de um Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização. Há todo um campo em aberto de renovação e de reconfiguração para poder enfrentar aquilo que Bento XVI tem identificado, sistematicamente, como o maior obstáculo à vida eclesial e à sua afirmação, particularmente na Europa: a crise da fé, também por cansaço ou indiferença de quem se diz(ia) crente.

LIKE / GOSTO, em Tabuaço, em Távora, em Pinheiros

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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Dar a outra face é respeitar o outro

A maior parte de nós conhece esta expressão e reconhece-a como um ensinamento de Jesus. Contudo, acredito que poucos compreendem o alcance, a essência e o verdadeiro significado deste ensinamento. No livro "O Mestre dos Mestres" de Augusto Cury, podemos encontrar uma explicação interessante sobre dar a outra face.
       «Cristo não falava da face física, da agressão física que compromete a preservação da vida. Ele falava da face psicológica.
       Se fizermos uma análise superficial, poderemos equivocar-nos e crer que dar a outra face é uma atitude frágil e submissa. Todavia, temos de nos perguntar: dar a outra face é um sinal de fraqueza ou de força? Dar a outra face incomoda pouco ou muito uma pessoa agressiva e injusta? Se analisarmos a construção da inteligência, constataremos que dar a outra face não é um sinal de fraqueza, mas de força e segurança. Só uma pessoa forte é capaz de dar a outra face. Só uma pessoa segura dos seus próprios valores é capaz de elogiar o seu agressor. Quem dá a outra face não se esconde, não se intimida, mas enfrenta o outro com tranquilidade e segurança.
       Quem dá a outra face não tem medo do agressor, pois não se sente agredido por ele, e nem tem medo da sua própria emoção, pois não é escravo dela. Além disso, nada perturba tanto uma pessoa agressiva como dar-lhe a outra face, como não responder à sua agressividade com agressividade. Dar a outra face incomoda tanto essa pessoa que é capaz de lhe causar insónia. Nada incomoda tanto uma pessoa agressiva como ter para com ela uma atitude complacente.
       Dar a outra face é respeitar o outro, é procurar compreender os fundamentos da sua agressividade, é não usar a violência contra a violência, é não se sentir agredido diante das ofensas que lhe desferem. Somente uma pessoa que é livre, segura e que não gravita em torno do que os outros pensam e falam de si é capaz de agir com tanta serenidade.
       Cristo era uma pessoa audaciosa, corajosa, que enfrentava sem medo as maiores dificuldades da vida. Era totalmente contra qualquer tipo de violência. Todavia, Ele não discursava sobre a prática da passividade. A humildade que proclamava não era fruto do medo, da submissão passiva, mas da maturidade da personalidade, confeccionada por intermédio de uma emoção segura e serena.
       Cristo, através do discurso de dar a outra face, queria proteger a pessoa agredida, fazê-la transcender a agressividade imposta pelo outro e, ao mesmo tempo, educar o agressor, levá-lo a perceber que a sua agressividade é um sinal de fragilidade (...)
       Na proposta de Cristo, o agressor passa a rever a sua história e a compreender que se esconde atrás da violência.»

Augusto Cury, em "O Mestre dos Mestres", in Abrigo do Sábios.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Filho és, Pai serás - versão chinesa

       Uma senhora de idade avançada foi morar com o filho, a nora e a netinha de 4 anos. As mãos da velhinha estavam trémulas, sua visão embaçada e os passos, vacilantes.
       A família comia reunida à mesa. Mas as mãos trémulas e a visão falha da senhora a atrapalhavam na hora de comer. A soja rolava de sua colher e caía no chão. Quando pegava a tigela, o missoshiru (sopa à base de pasta de soja) era derramado na toalha.
       O filho e a nora irritaram-se com a bagunça:
       - Precisamos tomar uma providência com respeito à mamãe”, disse o filho.
       - Já tivemos suficiente sopa derramada, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão.
       Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha.
       Ali, a senhora comia sozinha, enquanto o resto da família fazia as refeições na sala, com satisfação.
       Desde que a velhinha quebrara uma ou duas tigelas de louça, sua comida era servida numa tigela de madeira. Quando a família olhava para a velha senhora sentada ali sozinha, às vezes notava que ela tinha lágrimas nos olhos.
       Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram admoestações ásperas quando ela deixava um palito ou comida cair ao chão. A menina de 4 anos assistia a tudo em silêncio.
       Uma noite, antes do jantar, a mãe percebeu que a filha pequena estava no chão, manuseando pedaços de madeira. Ela perguntou delicadamente à criança: “O que estás a fazer?”
       A menina respondeu docemente:
       - Oh, estou fazendo uma tigela para você comer, quando eu crescer.
       E a garota sorriu e voltou ao trabalho.

Filho és, Pai serás - LIMITES

        Nos velhos tempos havia uma terra onde os filhos costumavam levar os pais velhos, que já não podiam trabalhar, para o cimo de um monte, onde ficavam sozinhos, para morrer à míngua. Certa vez um jovem do lugar foi levar o velho pai, às costas, para abandoná-lo. Chegando ao ponto em que ia deixar o ancião, colocou-o no chão e deu-lhe uma manta para que se abrigasse do frio até a hora da morte.
        E o velho perguntou :
       - Tens por acaso uma faca contigo?
       - Tenho, sim senhor. Para que a quer?
       - Para que cortes ao meio esta manta que me estás dando. Guarda a outra metade para ti, quando teu filho te trouxer para este lugar.
       O jovem ficou pensativo. Tomou o pai às costas e voltou com ele para casa, fazendo assim, com que o horrível costume desaparecesse para sempre.
       Filho és, pai serás, como fizeres, assim acharás.
       Conhecemos esta história e este provérbio.
       Veja o vídeo/diaporama que sobre a exigência em relação aos filhos, na relação com a displicência em relação aos pais...

sábado, 24 de dezembro de 2011

Solenidade do NATAL de Jesus Cristo - 25 de dezembro

       1 – É NATAL. É festa, alegria, júbilo. É tempo de CELEBRAR o amor de Deus para connosco. É luz, é vida, presença de Deus na nossa história. É dia, é graça, é hora de acordar e de viver. É tempo de esperança e paz, Deus veio até nós. "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento... Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. (Is 9,1-6: Missa da meia-noite).
        As trevas dissipam-se pois se levanta no horizonte uma grande LUZ, o Deus que vem, que nasce, o Deus que faz a Sua morada em nós, na nossa vida, no mundo em que vivemos. A alegria substitui o medo e a escuridão. "Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor" (Lc 2,1-14).
       É hora de louvar, agradecer, cantar. "Cantai ao Senhor um cântico novo pelas maravilhas que Ele operou... O Senhor deu a conhecer a salvação, revelou aos olhos das nações a sua justiça... Os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus... Aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai..." (Sl).
       O nascimento de Jesus Cristo, Deus feito homem, modifica a história para sempre, e há de transformar a nossa vida. A presença do próprio Deus em nós, e entre nós, é razão mais que suficiente para nos envolvermos no bem, na justiça, na paz, para nos deixarmos inundar com a Luz que d'Ele nos chega. "Àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus..." (Evangelho).

       2 – "Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por seu Filho, a quem fez herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo..."
       É o amor que preside à criação e que sustenta o universo inteiro e, por maioria de razão, o ser humano, imagem e semelhança de Deus. Deus criou-nos para sermos felizes, para vivermos como família, harmoniosamente, sob o Seu olhar misericordioso, deixando-nos transparecer pelo Sua presença, para que não houvesse opacidade na nossa vida. Deus como comunhão de vida e de amor, fonte da comunhão a existir entre os homens de toda a terra.
       Porque nos ama infinitamente, Deus não cessa de nos falar e de querer habitar em nós. De muitas formas. Nas mais diversas ocasiões e circunstâncias, pela criação, pelos profetas, pela história. Nem sempre nos mostramos disponíveis para O acolher, para O escutar. Nem sempre a nossa vida cumpre com a nossa identidade, filhos de Deus.
       Chegada a hora, segundo o beneplácito de Deus, envia-nos o Seu próprio Filho. Não sobre as nuvens, exteriormente, mas fazendo-O entrar na história e no tempo, gerando-O como Homem entre os homens, revelando a plenitude do Seu amor, entrando na humanidade, assumindo a nossa fragilidade e finitude, não como limite, mas como abertura aos outros, à vida, e à divindade.
       "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus... Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens... O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem... E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade... a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer".

       3 – "Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa nova, que proclama a salvação e diz a Sião: «O teu Deus é Rei». Eis o grito das tuas sentinelas que levantam a voz. Todas juntas soltam brados de alegria, porque veem com os próprios olhos o Senhor que volta para Sião. Rompei todas em brados de alegria, ruínas de Jerusalém, porque o Senhor consola o seu povo, resgata Jerusalém. O Senhor descobre o seu santo braço à vista de todas as nações e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus".
       A nós foi-nos dada o favor de contemplar a plenitude dos tempos, o privilégio de acolher em nossas vidas o Verbo de Deus, a Palavra que Se faz carne, que eleva a nossa humanidade à eternidade de Deus e Se deixa de novo transformar e nos deixa, pelo pão e pelo vinho consagrados, em memorial, o Seu Corpo e Sangue. A Sua vinda não é passageira, como se viera de viagem ou de férias. Veio para ficar. Como verdadeiro Homem teria sempre os seus dias contados. Como verdadeiro Deus, deu-nos o poder de O aprisionarmos em nós, nos Sacramentos, na Eucaristia, no bem que praticamos, "o que fizerdes ao um destes meus irmãos, a Mim o fazeis".
       O nosso grito é confiante, é de alegria e de festa, porque a Boa Nova chega até nós. Ressoe em nós a certeza que nos dá Deus Pai: «Tu és meu Filho, Eu hoje Te gerei» e n'Ele, Deus feito homem, cada um de nós se torne verdadeiro filho de Deus, desde que, como escutámos no Evangelho, O recebamos e acreditemos n'Ele.

Textos para a Eucaristia (ano B): Is 52,7-10; Sl 97 (98); Heb 1,1-6; Jo 1,1-18. 

É NATAL, Jesus Cristo nasceu...

       Mais um belíssimo trabalho de Arménio Rodrigues, in Faz-te ao Largo, sobre o NATAL, nascimento do Salvador, Deus omnipotente que Se revela na fragilidade de um bebé...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Hora dos bons interromperem o silêncio

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos,
nem dos corruptos,
nem dos desonestos,
nem dos sem caráter,
nem dos sem-ética.
O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.
                                                 Martin Luther King


       Vivemos, hoje, momentos complexos que ao longo dos anos não quisemos admitir que era o tempo da mudança. A mudança do mundo a que João XXIII foi sensível aprofundou-se e acelerou. A Gaudium et Spes assumiu-o claramente: “verificam-se transformações profundas nos nossos dias, nas estruturas e nas instituições dos povos, que acompanham a sua evolução cultural, económica e social” (G.S. nº 73).
       Meio século depois, os efeitos da mudança contínua alteraram o rosto da humanidade, mudaram os valores das civilizações e traçaram um novo quadro para o sentido da vida, individual e coletiva. E os cristãos não ficaram imunes a esta transformação, mudaram ao ritmo da sociedade, encontrando, em geral, a chave da interpretação da vida e da história, na mudança da sociedade, e não no Evangelho e na fé como fonte de uma compreensão global da existência.
       A transformação tornou-se mais solidária e interventiva, daí a vasta rede de instituições de solidariedade social existentes no nosso País, muitas das quais situadas na área de influência da Igreja Católica, contribuindo para a mudança de paradigma e seu enorme impacto na erradicação da pobreza. Contudo, sabemos que não chega fazer mudanças particulares se vivemos num Estado que gere o dia a dia dos cidadãos, criando-lhes dificuldades de acessos básicos do viver, em vez da melhoria do bem-estar individual e coletivo.
       Exemplo disso é o novo imposto extraordinário, aprovado recentemente e, que irá incidir sobre o subsídio de Natal, afetando milhares de pessoas, nomeadamente os dependentes e pensionistas. Entre tantas outras medidas de austeridade, esta é mais uma grave decisão governamental que coloca as famílias numa situação ainda mais complicada.
       É neste contexto, que as ações desenvolvidas pela Caritas Portuguesa (atuando através das Caritas diocesanas), na conceptualização e na inovação da intervenção social, surgem com particular relevo.
       Em concreto, a Operação 10 Milhões de estrelas – um Gesto pela Paz, apresenta-se como uma resposta na promoção da justiça social e da solidariedade, num momento complexo e ímpar das famílias portuguesas. O apelo à importância das verbas recolhidas por cada Caritas diocesana reforça a eficácia que cada um de nós poderá ter na divulgação e promoção desta ação, contribuindo para o pleno sentido do agir humano tendo em vista o bem comum.
       Através da iniciativa Operação 10 Milhões de estrelas – um Gesto pela Paz, a Caritas Portuguesa lança uma mensagem clara de solidariedade e apela aos cidadãos, em particular aos cristãos, para se mobilizarem em torno dos mais carenciados contribuindo com a compra de uma vela pelo preço de 1 euro.
       Diante do quadro atual de crise, ninguém pode permanecer passivo, como se as soluções para os problemas pessoais e coletivos pudessem vir dos outros, sem o contributo de cada um. O debate que é preciso fazer não deve situar-se apenas ao nível das premissas e dos valores, mas deve igualmente sugerir ações que possam promover a solidariedade.
       A hora difícil que estamos todos a viver ao nível dos valores humanos, requer uma profunda reflexão e o envolvimento alargado da sociedade portuguesa, na resposta aos desafios que se colocam. E dessas respostas sairá a possibilidade de construir, em consenso, uma Economia ao serviço do ser humano e uma Política que a ajude a encontrar-se e a cumprir as tarefas de uma civilização que tem de ser cada vez mais humana.
       Porém, a força e a potência criadora, Deus, é sempre a mesma. Por conseguinte, é no encontro com Deus que os homens e mulheres se transformam fazendo uma história de vida humana em comunhão com uma história divina. Esta é a hora dos bons interromperem o seu silêncio!

Bernardino Silva, Coordenador nacional da Operação 10 Milhões de estrelas – um Gesto pela Paz

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Editorial Voz Jovem - dezembro 2011

       Vivemos, liturgicamente, um tempo riquíssimo, na nossa comunidade paroquial e na Igreja. Localmente, a solenidade da Imaculada Conceição, nossa padroeira, que norteia e inspira o trabalho pastoral, a vivência da fé, o compromisso cristão com o mundo que nos rodeia e nos dias que correm. Em toda a Igreja, a celebração festiva do Natal.
       A FESTA, esta como outras, deve expressar-se e viver-se em três momentos que se interligam obrigatoriamente: a preparação, a festa, e o tempo que se segue. Fome/apetite, refeição, e saciedade. Alimentamo-nos para nos “aguentarmos” de pé.
       A novena foi a nossa preparação, para a celebração festiva da nossa padroeira, mas também para o Natal que ora celebramos. Recitação do terço, meditando nos mistérios que envolvem a vida de Jesus Cristo e daqueles que mais de perto O acompanham; a Eucaristia, memorial da Sua paixão redentora e ressurreição; meditação, proposta pelo Pe. António Giroto, procurando que a Palavra de Deus facilite a concretização da vontade do Senhor, ao jeito de Nossa Senhora.
       O dia da padroeira é de e para toda a comunidade paroquial. Pessoas e grupos hão de alimentar-se do testemunho de Maria, procurando imitá-l’A na delicadeza, na caridade, na ajuda pronta e decidida ao próximo, no acolhimento humilde e generoso do Deus que vem. Por isso é a Padroeira. Não apenas para proteger e interceder. Não apenas para ser honrada pelos fiéis, mas para ser uma referência constante na vivência da fé e no compromisso quotidiano de todos nós.
       A festa, no plano da fé e para ser autêntica, deverá alimentar todo o trabalho pastoral, ao longo de todo o ano. Voltando ao exemplo da refeição, o apetite leva-nos a procurar/aproximarmo-nos do alimento, alimentamo-nos e depois vamos à nossa vida. Aproximamo-nos de Nossa Senhora, deixamo-nos desafiar por Ela, regressamos à nossa vida do dia a dia, procurando fazer o que Ele nos disser.
       Obviamente, se procurarmos imitar Maria chegamos a Jesus. É para Ele que Maria aponta; com Ela aprendemos a acolher o Deus que vem habitar no meio de nós. Fome/saciedade/vida. É válido para a festa da nossa padroeira, é válido para a celebração do NATAL e de cada Eucaristia. Um santo Natal. Deus nasça em cada um, Deus nasça em todos, Deus seja vossa família.

A fuga de Jacob… - Gén 28, 10-22

       Rebeca apressou-se a avisar Jacob. “Tendes de fugir!” – sussurrou ela. “Esaú quer matar-vos!”
       Então correu para junto de Isaac. “Nunca compreendestes o quão desiludida fiquei por Esaú ter casado com uma moça fora do nosso povo” – lamentou ela. “Deixai Jacob voltar à minha terra natal para encontrar uma esposa.” Isaac concordou em deixá-lo partir.
       Isso deu a Jacob a oportunidade de fugir e, assim, ele partiu sozinho. Sentiu-se cansado e desanimado quando acampou nessa noite, apenas com o chão duro como leito e uma pedra como almofada. Enquanto dormia, teve um sonho: viu uma escada que chegava da terra ao céu e anjos que subiam e desciam por ela. Deus estava ali ao seu lado, falando:
       “Sou o Deus de Abraão e Isaac. Farei desta terra o teu lar. Abençoarei a tua família ao longo das gerações e estas trarão as minhas bênçãos ao mundo. Estarei contigo para onde quer que vás, e trazer-te-ei de volta a esta terra”.
       Quando acordou, Jacob sentiu-se animado. Pegou na pedra onde tinha descansado a sua cabeça e colocou-a sobre o chão na vertical. “Este deve ser um lugar do Senhor” – disse ele. “Chamar-lhe-ei “Betel””. Então chamou a Deus: “Aqui fica a promessa” – gritou ele. “Se me fizeres regressar novamente em segurança, sereis o meu Deus”.
       Ouviu-se um silêncio, Jacob suspirou, tomou a sua direção e começou a caminhar. Ainda se encontrava a muitas milhas da terra natal da sua mãe.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Corro pelos caminhos da Vossa lei

«Corro pelos caminhos da Vossa Lei, [Senhor] porque me dais um coração largo.»
(Sl 118, 32)

       O próprio Menino Jesus é Quem dá força a Maria para empreender a jornada até à casa de sua prima Isabel, infundindo-lhe o desejo generoso de ir ao encontro do próximo necessitado.

       Quando o egoísmo nos torna insensíveis às necessidades dos irmãos,
       Senhor, alarga o nosso coração!

       Quando nos falta a coragem do amor que se dá gratuitamente,
       Senhor, alarga o nosso coração!

       Quando não sabemos dar generosamente,
       Senhor, alarga o nosso coração!
Deus-Pai, fonte inexaurível da verdadeira caridade,
Tu conheces a pequenez do nosso coração
e as suas imensas possibilidades de amor:
ajuda-nos a afastar o olhar dos nossos estreitos horizontes,
a fugir do egoísmo que nos sufoca,
a abandonar a preocupação de conservar
e salvar a nossa vida
para que os nossos passos terrenos
recebam a Tua benção para onde quer que vamos:
faz com que o nosso coração
adquira dimensões semelhantes às do Teu coração
e bata ao ritmo daquele amor
que Te levou a enviar o Teu Filho à Terra,
na pobreza de Belém,
no despojamento extremo do Gólgota.
Nós to pedimos por intercessão de Maria,
mãe solícita na caridade. Amen.
Monjas Beneditinas do Mosteiro da Ssma.Trindade, Apenas Oração.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Águia ou galinha

       Uma metáfora da condição humana
       Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
       - Esse pássaro não é uma galinha. É uma águia.
       - De facto – disse o camponês. É águia. Mas eu criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
       - Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.
       - Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.
       Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
       - Já que você de facto é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra, então abra suas asas e voe! A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá em baixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou:
       - Eu lhe disse, ela tornou-se uma simples galinha!
       - Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
       No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no tecto da casa. Sussurrou-lhe:
       - Águia, já que você é uma águia, abra as suas asas e voe!
       Mas quando a águia viu lá em baixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
       O camponês sorriu e voltou à carga:
       - Eu não lhe disse, ela tornou-se galinha!
       - Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
       No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
       - Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!
       A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direcção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
       Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se, soberana, sobre se mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou... voou... até se confundir com o azul do firmamento...
       E Aggrey terminou conclamando:
       - Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. E muitos de nós ainda acham que somos efectivamente galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos.
       Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.

Leonardo Boff, in Porque evangelizar é preciso.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Abrir-se ao DOM

Recuperar a verdade do Natal é abrir-se ao dom, deixar que Cristo se forme em nós
        Acende-se, neste tempo, a nostalgia nos nossos corações. E quando escrevo "nossos", estou a pensar em quantos ainda viveram um Natal religioso, familiar e feliz; afinal os que conheceram outra realidade diferente desta pressa anónima, irrefletida e comercial que hoje nos afoga.
       Nostálgicos, exclamamos que "já não é como dantes". Estranhamente, porém, resignamo-nos, qual pedaço de esferovite perdido na corrente: apesar de flutuar, está decididamente rendido a uma força estranha!
       Foi já há mais de uma dezena e meia de anos que me confrontei com um grito de alarme numa revista espanhola: "Roubaram-nos o Natal". Mas aonde nos levou esta constatação? Que reação provocou, para além do estranho sentimento de perda? Às indefinições que vivemos…
       Sempre tive grande dificuldade em lidar com a resignação, mesmo quando ma apresentavam vestida de suposta virtude. Realmente, tenho medo de cobardias dóceis ou cómodas abdicações.
       É por isso mesmo que defendo uma urgência: recuperar a verdade do Natal - lavando-a de todas contaminações e "distrações", para usar a ideia expressa pelo Papa Bento XVI no Angelus do passado domingo.
       Se o fizermos, torna-se natural o anúncio e a partilha da impensável notícia: "Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o seu Filho unigénito".
       Reconheça-se que muitos cristãos assim procedem, trabalhando para que os sinais do Amor não desapareçam das casas, das ruas e, sobretudo, dos gestos. Deparamo-nos, por isso, com exposições, presépios, estandartes às janelas e campanhas que levam ao encontro do outro - que é sempre o lugar de encontro com Deus. Mas são demasiados os embrulhados numa mera generosidade de coisas; ou em atitudes simplesmente protocolares, vividas com o desencanto de quem eterniza indiferenças, ainda que escritas sob o manto de "cordiais saudações"!..
       Recuperar a verdade do Natal é abrir-se ao dom, deixar que Cristo se forme em nós. Sem medo, pois que quanto mais fugirmos de Deus, mais nos desumanizamos.

João Aguiar Campos, Editorial da Agência Ecclesia.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Judá, tu és um leão novo: voltaste com a tua presa...

Jacob chamou os seus filhos e disse-lhes: «Reuni-vos e escutai, filhos de Jacob. escutai Israel, vosso pai. Judá, os teus irmãos hão-de louvar-te, a tua mão pesará sobre a cabeça dos teus inimigos e os filhos de teu pai hão-de inclinar- se diante de ti. Judá, tu és um leão novo: voltaste, meu filho, com a tua presa. Ele dobra o joelho e deita-se como o leão, ou como a leoa: quem o fará levantar-se? O ceptro não se afastará de Judá, nem o bastão de comando de entre os seus pés, até que venha Aquele a quem pertence e a quem os povos hão-de obedecer» (Gen 49, 2.8-10)
        Jacob, aproximando-se da morte, chama os filhos para lhes deixar as últimas recomendações e conselhos, deixando também esta profecia sobre o reino eterno que surgirá em Judá e que para nós cristãos se cumpre em Jesus Cristo o Messias de Deus.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Deus em ti, Deus em mim...

       Um dos ensaios, no Centro Paroquial de Tabuaço, para o IX Festival Diocesano Jovem da Canção de Mensagem, promovido e organizado pelo SDPJ de Lamego:

Respeitai o direito, praticai a justiça, porque a minha salvação está perto

       Eis o que diz o Senhor: «Respeitai o direito, praticai a justiça, porque a minha salvação está perto e a minha justiça não tardará a manifestar-se. Feliz o homem que assim procede, o filho do homem que nisto se firma, guardando o sábado, sem o profanar, e abstendo-se de todo o mal. Não diga o estrangeiro que aderiu ao Senhor: ‘O Senhor vai excluir-me do seu povo’. Quanto aos estrangeiros que aderiram ao Senhor para O servirem, para amarem o seu nome e serem seus servos, se guardarem o sábado, sem o profanarem, e forem fiéis à minha aliança, hei-de conduzi-los ao meu santo monte, hei-de enchê-los de alegria na minha casa de oração. Os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceites no meu altar, porque a minha casa será chamada ‘Casa de oração para todos os povos’». Assim fala o Senhor Deus, que reúne os dispersos de Israel: «Reunirei ainda outros àqueles que já foram reunidos» (Is 56, 1-3a.6-8).

       Isaías fala, de novo, da chegada eminente do Reino de Deus, da chegada da salvação, da justiça. Para isso é necessário que a espera seja activa, comprometida, afastando-nos do mal, da injustiça, respeitando o dia de Sábado, isto é, colocando Deus em primeiro lugar.
Ninguém está excluído da salvação, nem mesmo os estrangeiros. De qualquer forma, para estrangeiros ou para os elementos do povo eleito, ou para nós, a exigência é mesma, respeitar o dia de Sábado, ou seja, colocar Deus no centro das nossas vidas.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

IX Festival Diocesano Jovem - Tabuaço

Ser feliz ou ter razão?

       Acompanhamos entre outros blogues o do Reverendo Pároco de Tarouca, Pe. Carlos Lopes. Naturalmente com muitas perguntas pertinentes e com muitos textos que nos fazem pensar. Um desses textos é o que se segue: "Ser feliz ou ter razão?" (e que repomos hoje no neste espaço de partilha). Por vezes não é fácil abdicar de opiniões para garantir a paz e alegria. Outras vezes nem se pode nem se deve, quando estão em causa questões de verdade e identidade. Mas pelo meio existem tantas situações em que ter razão nada adianta a uma relação, por vezes é preferível escolher a felicidade. Mas vejamos o texto:

       «Oito da noite, numa avenida movimentada.O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo, bem como o caminho que ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem a certeza de que é à direita... Discutem.
Percebendo que além de atrasados, poderão ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado. Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema, se chegarem alguns minutos atrasados.
       Ele questiona:
       - Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, por que não insististe um pouco mais?
       Ela diz:
       - Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz!!! Estávamos à beira de uma discussão. Se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!»

MORAL DA HISTÓRIA:
       Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não.
       Desde que ouvi esta história, tenho-me perguntado com mais frequência: 'Quero ser feliz ou ter razão?'

       Outro pensamento parecido, diz o seguinte:
       'Nunca se justifique. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam'.»

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Folhas verdes... flores brancas e quem tem razão?!

       Dois pássaros estavam muito felizes sobre a mesma planta.
       Um mais acima e outro mais abaixo. A um certo momento, um disse ao outro:
       - Que lindas estas folhas verdes!
       O que estava mais abaixo, irritado, respondeu:
       - Estás cego? Não vês que são brancas?
       O de cima continuou:
       - Tu é que estás cego. São verdes e bem verdes.
       A discussão prolongou-se até ao ponto de se prepararem para lutar um contra o outro.
       Quando o de cima desceu, estando no mesmo ramo e preparando-se para o duelo, ambos olharam para a mesma direcção.
       Foi então que o que antes estava em cima e desceu, disse:
       - Que estranho! Afinal as folhas são brancas!
       Depois voaram os dois para o ramo de cima e disseram:
       - Que estranho! Afinal as folhas são verdes

Natascha Kampusch - 3096 dias de cativeiro

Natascha Kampusch, 3096 dias, Edições Asa: 2011
       Natascha Kampusch foi "roubada" à vida que tinha, no dia 2 de março de 1998. Passados 3096 dias, no dia 23 de agosto de 2006, consegue finalmente ganhar coragem para fugir ao seu raptor, a única pessoa com quem podia falar, viver, relacionar-se. Só 4 anos depois, no entanto, é que consegue ser e sentir-se livre:
"Com este livro, tentei fechar o capítulo mais longo e mais negro da minha vida. Sinto-me profundamente aliviada por ter encontrado palavras para o improferível e para as constradições. Vê-las impressas diante dos meus olhos ajuda-me a olhar com confiança para o futuro. Porque aquilo por que passei também me tornou forte. Sobrevivi ao encarceramento na masmorra, consegui libertar-me sozinha e mantive a minha integridade. Acredito firmemente que também conseguirei viver a minha vida em liberdade. E essa liberdade começa apenas agora, quatro anos depois do dia 23 de agosto de 2006. Apenas agora, depois destas linhas, consigo colocar um ponto final nesta história e dizer em toda a verdade: SOU LIVRE".
       Nasceu a 17 de fevereiro de 1988. A mãe tinha então 38 anos e duas filhas já crescidas. Os viviam há três anos juntos. Vai ter de conquistar o seu lugar no mundo.
       Naquele dia acordou triste e furiosa. A fúria da mãe, por causa do pai, recaíra nela. A mãe proibiu-a de voltar a ver o pai. Queria ser adulta para se libertar das discussões da mãe. Com 10 anos aproximava o tempo de se tornar independente, faltavam 8 anos, para fazer os 18 da maioridade. Convencera a mãe a deixá-la ir a pé para a escola. Afinal já andava na quarta classe. Naquele dia saía de casa alterada com a mãe de quem memorizara as palavras: "Nunca se deve partir quando estamos furiosos com alguém. Nunca se sabe se voltaremos a ver essa pessoa".
Não se despediu da mãe e não a voltaria a ver por muito, muito, por demasiado tempo. Aproxima-se do homem que a fará prisioneira, com receio, mas quando olha para ele os seus receios desvanecem-se, estava errada, foi empurrada para a carrinha, que lhe despertara a atenção momentos antes.
"Tentei gritar. Mas não saiu nenhum som da minha boca. As minhas cordas vocais simplesmente se recusaram a colaborar. Eu toda era um grito. Um grito mudo, que ninguém conseguia ouvir".
       É encarcerada numa masmorra, sem luz natural, pequena (2,70 m de comprimento, 1,80 m de largura, 2,40 m de altura), uma jaula, na cave. Durante 8 anos será agredida com violência física e emocional (ninguém quer saber de ti, ninguém gosta de ti, só me tens a mim), passa fome, sede, por vezes fica dias inteiros sozinha, com a luz acesa, ou às escuras, com um teporizador a controlar o tempo. É forçada a trabalhar, a limpar tudo num brinco, e por vezes voltar a limpar o já limpo, só por capricho, há-de ajudar o raptor em trabalhos mais pesados, carrega pesos maiores do que as suas forças, o racionamento da comida é outra forma de controlo. O raptor promete-lhe uma vida feliz a dois, se ela não desobedecesse, se colaborasse.
       Há dias apresentamos aqui uma história de resistência e sobrevivência - INVENCIVEL -, diríamos que também esta é uma história de sobrevivência e de uma grande resistência. Não quebra, não se deixa destruir, ainda que por vezes tivesse pensamentos destrutivos, não perde a grandeza que lhe vai na alma:
"Eu sempre resisti às suas tentativas de me apagar e me transformar numa criatura sua. Ele nunca me conseguiu quebrar. Por outro lado, as tentativas dele para me transfomarem noutra pessoa caíram em solo fértil"...
       Até o nome quis trocar-lhe. Quando ela fazia algum erro, ele não perdoava: "És burra que nem um porta"... agarrou num saco de cimento e atirou-lho:
"Não foi a dor o que mais me chocou. O saco era pesado e o embate magoou-me, mas eu teria podido suportá-lo. Foi a dimensão da agressão do criminoso que me tirou a respiração. Ele era a única pessoa que existia na minha vida, e eu estava totalmente dependente dele. Aquele ataque de fúria ameaçava-me de um modo extremo. Senti-me como um cão batido que não pode morder a mão que o agride porque é a mesma que lhe dá de comer. A única saída que me restava era a fuga para dentro de mim. Fechei os olhos e ignorei tudo e não saí do sítio".
       Compensou-a com gomas.
       Mas ele não venceria...
"Mas acabei por vencer. Nunca, nem uma única vez, durante todos os anos em que ele exigiu de um modo tão veemente, lhe chamei «meu senhor».
Nunca me ajoelhei diante dele.
Muitas vezes teria sido mais fácil desistir. Teria sido poupada a alguns murros e pontapés. Mas eu tinha de preservar um certo espaço de manobra naquela situação de total submissão e de total dependência do raptor... Ele dominava-me quando me humilhava e maltratava sempre que lhe apetecia. Dominava-me quando me fechava dentro da masmorra, quando me obrigava a trabalhar como escrava. Mas nesse ponto fiz-lhe frente. Chamava-lhe «criminoso» quando ele queria que eu o chamasse de «meu senhor». Chamava-o de «querido» ou de «meu tesouro» em vez de «meu senhor» para o fazer ver a situação grotesca em que ele nos pusera".
       Vai escrevendo sobre o que lhe sucede. As tantas apenas sobre os maus tratos. É um segundo EU que lhe promete a libertação para os 18 anos. Nessa altura, o outro EU pegar-lhe-á na mão e conduzi-la-á em direcção à liberdade. É um grito que se mantém e certamente a ajudará a manter-se sã e decidida a viver até ao dia em que fugirá do seu raptor.
"Não te deixes abater quando ele diz que tu és demasiao estúpida para tudo.
Não te deixes abater quando ele te bate.
Não te importes quando ele di que és uma incapaz.
Não te importes quando ele diz que não consegues viver sem ele.
Não reajas quando ele te apaga a luz.
Perdoar-lhe tudo e não continuar zangada com ele.
Ser mais forte.
Não desistir. Nunca desistir"
       Mais fácill de dizer que fazer. Eis que se aproxima a hora que prometera a si mesma para fugir, e com ela a dúvida, a incerteza, a hesitação:
       "A minha incerteza acerca do criminoso afinal poder ter razão e eu estar melhor à sua guarda do que lá fora começou a diluir-se lentamente. Agora eu era uma pessoa adulta, o me segundo Eu tinha-me firmemente na mão e eu sabia muito bem que não queria continuar a viver daquela maneira".
"«Colocaste-nos numa situação em que apenas um de nós poderá sobreviver», disse eu de repente. O criminosso olhou para mim surpreendido. Eu não me deixei distrair. «Estou-te sinceramente grata por não me teres matado e por me tratares tão bem. É muito simpático da tua parte. Mas não me podes obrigar a viver contigo. Eu sou senhora de mim mesma, e tenho as minhas necessidades. Esta situação tem de ter um fim»... Eu continuei a falar. «É apenas natural que eu tenha de partir. Tu devias ter contado com isso desde o princípio. Um de nós tem de morrer, não existe outra solução. Ou me matas, ou me libertas»... Nunca desitir. Nunca desistir. Eu não vou desistir de mim... respirei e disse a frase que modifcou tudo: «Tentei tantas vezes suicidar-me - contudo, era eu a vítima. Na realidade, seria muito melhor se tu te suicidasses. Tu não tens qualquer outra opção. Se te matasses, todos os problemas deixariam de existir»... eu fugiria à primeira oportunidade. E um de nós não iria sobreviver a isso".
       Chega a dia da sua fuga. Quando ele tenta vender, por telefone, um apartamento que remodelaram, vê a oportunidade de fugir. Hesita mas foge. O portão do jardim está aberto. Cruza-se com dois homens, a quem pede socorro e um telefone para ligar para a polícia, seguem em frente. Entra no jardim de uma mulher assustada que só quer que ela saia do jardim, mas que decide ligar para a polícia, daí a pouco estão dois incrédulos polícias junto dela. Estava concluída parte da sua fuga.
      É esta a história narrada pela própria, numa linguagem atraente, em que sobressaem os seus sentimentos, quase se vêem as suas lágrimas, o seu sofrimento, a sua confusão, a sua dignidade. Este é mais uma excelente leitura, sobre sobrevivência humana. Em situações tão medonhas é impressionante que Natascha Kampusch não tenha quebrado.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Deus, o nosso "carregador"...

       Num dos blogues que acompanhamos, Boa Nova, num post intitulado "Cansados da batalha", encontra-se esta imagem acerca de Deus na nossa vida. Há muitos momentos da nossa vida vida em que sentimos o cansaço. Poderá ser por milhentas coisas, pela rotina, pela incompreensão, por ter de recomeçar sempre. Mas no meio dos afazeres é importante parar, reflectir, ponderar, renovar as forças, caminhar, relaxar. A vida é um dom tão precioso que vale a pena apreciá-la com alegria, com generosidade, tentando descobrir a presença de Deus em cada acontecimento da vida, em cada botão do universo, em cada pessoa.
       Como seria diferente a nossa vida se cada um de nós, cada dia, parasse um pouco, acolhendo os dons que Deus nos deu e os dons dos outros. Como seria belo que deixássemos que Deus falasse em nosso coração!
       Contemplar as maravilhas do Universo, onde Deus que Se revela constantemente. Como seria magnífico carregarmos energias com Deus, na Sua palavra, na oração, nos Sacramentos.
       Deus é o nosso "carregador". É uma imagem muito expressiva, quando sabemos quão importante é o telemóvel para comunicar! Mas se a bateria falha! O telemóvel torna-se inútil. Quantas vezes nos acontece estarmos a meio de um conversa telefónica e lá foi a chamado porque o nosso telemóvel, ou o da outra pessoa, ficou sem bateria ou sem rede! Por isso trazemos o "carregador" sempre connosco. Por isso procurámos os locais onde há rede! Também assim há-de ser com Deus. Comunicamo-nos e comunicamos Deus, mas ficamos esgotados, sem bateria, se não "carregarmos" a nossa alma com a LUZ de Deus.
        O mesmo se diga da "rede". Se deixamos de ter rede, ficamos incontactáveis. Se nos esquecemos de Deus, acabamos por nos esquecermos de nós, e tão grave como isso, acabamos por desvalorizar os outros.
       Deus repõe as nossas energias. Deus aponta-nos um caminho. Deus dá um sentido de plenitude à nossa vida. Com Ele sabemos que as nossas lutas não são em vão.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Natal com menos... Natal melhor

       Ser hoje luz num tempo de sombras, parece ser o “destino” de cada um de nós no tempo que passa, num tempo que passa e que dói, que dói esta dor funda da impotência, da impotência diante dos gigantes das sombras que se agigantam e que parecem querer tomar de assalto tudo o que mexe, tudo o que respira e tudo o que sonha.

       Por isso hoje é tempo de NATAL com menos, mas um Natal melhor!
       O mundo, o país e cada um de nós, vive tempos de esperança e de mudança, em que o novo surge como a nova fronteira a conquistar, mas onde o medo e os medos teimam em formar barreira diante dos olhos, destes olhos feitos para ver a luz, feitos para encarar o medo, feitos para não terem de ver o sol só refletido nos charcos.

       Por isso hoje é tempo de NATAL com menos, mas um Natal melhor!
       Se calhar, a maior conquista do tempo do medo que passa, foi precisamente esta de nos ter tirado a capacidade de ousar levantar a cabeça, de ousar olhar para além do imediato do já, em direção ao menos “imediato” do ainda não, mas que está e vive em tensão de devir, de futuro, de projeção para diante, num diante que encontra a utopia e faz dela o sonho, um sonho que vence o medo, um sonho que se abre à luz.

       Por isso hoje é tempo de NATAL com menos, mas um Natal melhor!
       É por aqui que passa o segredo, este segredo que invejosamente levamos dentro sem partilhar, que envergonhada e pudicamente escondemos e que não conseguimos dar à luz e que nos faz gemer, gemer as dores do parto que tarda, gritar o grito das vozes caladas.

       Por isso hoje é tempo de NATAL com menos, mas um Natal melhor!
       E no entanto, a gravidez do tempo existe, as dores do parto afligem-nos, o nascimento tarda em acontecer, e o meu povo sofre, e a minha gente grita, o grito surdo que a voz rouca não é capaz de calar, mas que o medo embota, e que o desespero não deixa encontrar a paz.

       Por isso hoje é tempo de NATAL com menos, mas um Natal melhor!
       Neste tempo de vozes que gritam, que gritam a esperança que não é, que gritam promessas que não são, que esboçam sorrisos que são só esgares, eu paro e pasmo, qual basbaque embrutecido diante do palácio da ignomínia alcandorado em conto de fadas, das mil e uma noites de uma aurora boreal que é só ilusão e nada, de um nada que teima em ser e de um ser que já não é.

       Por isso hoje é tempo de NATAL com menos, mas um Natal melhor!
       E eu caminho, oh sim, caminho ao mesmo tempo em direção ao nada e ao ser, em direção ao outro e a mim, em direção ao nada e ao tudo, deixando para trás o passado que já foi, indo ao encontro do futuro que parece tardar em vir, no presente que cada vez que se deixa tocar no futuro que se torna passado, porque afinal, não existe.

       Por isso hoje é tempo de NATAL com menos, mas um Natal melhor!
       E é aqui que começa a minha “crise”, a crise de saber quem sou, onde estou, como estou, quem serei, como serei, onde estarei, como estarei! E é aqui que me dou conta de mim, da minha pequenez de ser, mas de um ser que é, de um ser chamado à existência nesse espaço virtual entre o já e o ainda não, entre o abismo do tudo e a profundidade do nada, num silêncio às vezes só habitado por fantasmas e por vozes, onde a minha se confunde, mas não deixa de existir e de falar. E de dizer NATAL!

       Por isso hoje é tempo de NATAL com menos, mas um Natal melhor!
       Fantasmas e vozes de mim, deste ser que me habita e que eu procuro, deste ser que é e que é eternidade, uma eternidade que é já, que é este hoje do meu ser, que é ao mesmo tempo nada e tudo, porque sou eu, em relação comigo, em sorrisos e lágrimas, em alegrias e desesperos, em sonhos e fantasias, em “nadas” e em “tudos” que me habitam, que me “moram” onde eu moro, seja onde for, porque o meu “eu” não tem “lugar”, é, simplesmente, e pronto, comigo, em mim e para além de mim, porque infinito, porque eterno, porque tudo e porque nada, porque é, ao mesmo simultaneamente eternidade e tempo, imanência e transcendência, limite e infinito, kairós e eskaton, já e ainda não

       Por isso hoje é tempo de NATAL com menos, mas um Natal melhor!
       FELIZ NATAL!

Frei Fernando Ventura, franciscano capuchinho

Ainda o 3.º Domingo de Advento

domingo, 11 de dezembro de 2011

Imaculada Conceição - Tabuaço 2011

       A Solenidade da Imaculada Conceição é, para a comunidade paroquial de Tabuaço, o acontecimento mais importante. Tem-n'A como Padroeira e cada ano, com carinho e muita devoção, esteja chuva, nevoeiro, frio, um número significativo de pessoas participa na novena e um maior número na Eucaristia e na Procissão em honra da Padroeira. No decorrer da novena alguns momentos que têm ganhado relevância, o Compromisso dos Acólitos, e as comemorações dos Bombeiros Voluntários de Tabuaço, de que Nossa Senhora da Conceição é Madrinha.
       Aqui ficam em formato de vídeo as imagens dos vários momentos, mas sobretudo da Eucaristia e da procissão. Parte das fotografias foram-nos gentilmente cedidas pela Nucha Martins. A música de fundo que escolhemos - Nossa Senhora do Sim, interpretada pelo Grupo Coral da Catequese de Gavião, de Famalicão.