1 – Estivemos na Montanha para escutarmos e reflectirmos com o Sermão da Montanha e nos deixarmos sensibilizar pela Mensagem de Jesus.
A montanha é um lugar de encontro com Deus, de revelação, de ensino. Moisés sobe à montanha e recebe de Deus os Mandamentos; Jesus sobe à montanha e deixa-nos o essencial da Sua palavra de salvação. Na montanha o ar é mais fresco, mais límpido, apetece encher os pulmões desta frescura. Subamos para nos refrescarmos com a presença de Deus; deixemo-nos inundar da Sua luz, para descermos ao nosso mundo, com a energia, a sabedoria e a graça, para testemunharmos a salvação operada em nós pelo Senhor.
2 – "Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os, em particular, a um alto monte e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz". A Quaresma guiar-nos-á à Páscoa jubilosa. Porquanto é tempo de oração e de caridade, de jejum e de penitência, é tempo de conversão! Estamos na expectativa! Antes da glorificação, atravessámos a dor, o escárnio, a traição, a dúvida, as hesitações. Chegará a hora da agonia e da morte. O próprio Jesus relembra constantemente os momentos difíceis que estão para chegar.
Os sinais que Jesus dá não são bons para quem espera sucesso e vida facilitada com a Sua presença. Alguns discípulos não resistirão. Quanto maior a adversidade, maior a necessidade de inequívocos sinais de esperança e estes só os encontramos em Deus. Jesus sabe isso. Chama Pedro, Tiago e João e "abre o jogo", fazendo-os subir à montanha, e deixando vislumbrar na Sua luminosidade a Sua identidade divina: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência. Escutai-O».
A revelação é acompanhada com um desafio: escutar Jesus. Escuta que leva à vivência.
A experiência é tão envolvente que os discípulos querem permanecer na montanha: "Senhor, como é bom estarmos aqui! Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés a outra para Elias". Como é bom sentirmos a presença de Deus. Mas temos que "regressar" à terra. Constantemente. A salvação que Deus nos dá, compromete-nos com este mundo. Jesus é peremptório: "Levantai-vos e não temais". Caminhemos!
3 – Com efeito, Deus não nos quer instalados no nosso canto. Jesus di-lo aos discípulos como Deus o revelara a Abrão: "Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar. Farei de ti uma grande nação e te abençoarei; engrandecerei o teu nome e serás uma bênção. Abençoarei a quem te abençoar, amaldiçoarei a quem te amaldiçoar; por ti serão abençoadas todas as nações da terra" (Gen 12, 1-9).
Abrão deixa a Sua terra, a casa de seus pais, irá para uma terra estranha, mudará de nome (Abraão) e de vida. Ele é o arameu errante, peregrino. Torna-se para nós um paradigma. Era mais cómodo e mais tranquilo cruzar os braços e ficar sob o tecto do seu pai biológico. Perante o chamamento de Deus, põe-se em movimento, segue a Sua voz, para realizar a Sua vontade. Deus estará com ele. Deus está connosco na nossa peregrinação terrena, desafiando-nos a novos caminhos, sem medo!
4 – A certeza da salvação é um motivo de sobra no nosso compromisso com a salvação do mundo inteiro. O conforto que esta esperança nos traz, alegra-nos como aos discípulos no alto da montanha, mas como a eles também a nós Jesus nos faz descer até ao nosso semelhante, para que todos O conheçam e tenham n'Ele a vida eterna.
Boletim Paroquial Voz Jovem, Março 2011.
(texto reformulado a partir da homilia do II Domingo da Quaresma)
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