domingo, 22 de julho de 2012

Vejo um ramo de amendoeira e outras palavras em flor

D. ANTÓNIO COUTO, Vejo um ramo de amendoeira e outras palavras em flor. Paulus Editora, Apelação 20012.


       O LEMA episcopal de D. António Couto, Bispo de Lamego, é a resposta dada por Jeremias ao Senhor e à pergunta: o que vês? - Vejo um ramo de amendoeira. Como tem sublinhado o nosso Bispo, a amendoeira é a única flor que germina em pleno inverno, quando ainda não se vislumbra a primavera, é um sinal de fé e de esperança, que vai muito além da visibilidade.
       Neste livrinho (80 páginas), são-nos apresentados "três textos iguais e diferentes. O primeiro, intitulado «O Evangelho, Jesus, Paulo e Eu», vê-se bem que é como um espelho onde quotidianamente me revejo e me deixo atravessar por algumas pérolas bíblicas adquiridas também por figuras incontornáveis do Cristianismo. O segundo, intitulado «Vejo um ramo de amendoeira», é como uma profissão de fé, uma maneira de ver, de viver, um lema gravado a fogo na alma de Jeremias e na minha. O terceiro, intitulado «Daqui, desta planura: leitura do tempo em que vamos, constitui uma travessia pensada e prensada deste tempo que Deus me Deus".
Esta é a apresentação que o próprio autor faz dos textos.
       Lê-se com muito agrado, leve e profundo, com a sensibilidade dos poetas, com o desafio dos profetas.
"A amendoeira é uma das poucas árvores que floresce em pleno inverno. Ao responder: «Vejo um ramo de amendoeira», Jeremias já ergueu os olhos da invernia e da tempestade e do lodo e da lama e da catástrofe e da morte que tinha pela frente, e já os fixou lá longe, ou aqui tão perto, na frágil-forte-vigilante flor da esperança que a amendoeira representa. É de presumir que, se Jeremias tivesse respondido: «Vejo a tempestade, a ruína, a morte, a crise», que era que que tinha mesmo diante dos olhos, em vez de «Viste bem, Jeremias, viste bem!», Deus tê-lo-ia reprovado, dizendo: Viste mal, Jeremias, viste mal».

Senhor, afina o meu olhar pela flor que Tu quiseres.
Faz-me ver sempre bem, belo e bom.
Faz-me ver com olhar com que me vês,
e com que olhas a tua criação.
Contemplação."

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