sábado, 14 de julho de 2012

XV Domingo do Tempo Comum (ano B) - 15 de julho

       1 – De casa para a cidade e para o mundo.
       Jesus regressa à sua terra, em Nazaré, e também entre os seus comunica, com alegria e desprendimento, um DEUS próximo, amigo, que Se pode encontrar nas coisas simples, nos acontecimentos presentes, e nas pessoas concretas que vivem connosco.
       Sem (mais) lamentos nem ameaças coléricas, Jesus segue o Seu caminho, segue para o mundo, para outras cidades e aldeias, para outras casas, deixando um rasto de esperança e de sonho, de bondade e de vida nova. Quer contar, conta connosco. Chama discípulos – pessoas como nós – para uma experiência admirável. Envia-os, para serem pescadores de homens.


       A casa é lugar de encontro, de aprendizagem, de gestação, lugar onde se aprende a ser gente e se retemperam as forças. É de casa que os discípulos são enviados para o mundo – campo de evangelização.
“Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas. Disse-lhes também: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos”.
       Não vão sozinhos, mas dois a dois. Não vão em nome próprio, mas enviados por Jesus. Não se anunciam mas à Palavra de Deus, com o poder de curar, e com a leveza da vida e do serviço. Não precisam de muitas coisas, mas de disponibilidade para levarem Deus.

       2 – Apóstolos e/ou Profetas, de ontem e de hoje, não podem levar muitas coisas, muitos recursos, ou técnicas, mas a leveza e a simplicidade da Palavra de Deus, com sandálias nos pés, sem artifícios, nem manhas. Leveza para transparecer o amor de Deus. A opacidade é contraproducente, e existe quando baseamos/centramos a missão nas nossas capacidades. Leveza para aceitar as dificuldades e os obstáculos.
       Jesus desengana rapidamente os seus discípulos. Podem não vos ouvir. Podem não estar sensibilizados para acolher as vossas palavras. Não façais disso um bicho-de-sete-cabeças. Sacudi o pó das sandálias e parti para outra localidade.
       O profeta Amós - Aquele que ajuda a levar o fardo - envida uma missão épica, de trazer o povo de Israel de novo para a Lei de Deus. De forma simples, às vezes rude, em linguagem profética, não se cala perante os desvios e afastamentos da Aliança. Amasias, sacerdote de Betel, disse a Amós: 
«Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’». 
       Originalmente não era profeta, educado no campo, era criador de animais (e não apenas pastor). Chamado por Deus, luta contra as injustiças sociais, contra a opulência dos ricos e a miséria dos pobres, contra o ritualismo religioso, esplêndido mas vazio de vida e de Deus. Usa imagens riquíssimas do campo, denunciando falsas seguranças na riqueza e nos ritos religiosos.

       3 – “Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis e a quantos de coração a Ele se convertem. A sua salvação está perto dos que O temem e a sua glória habitará na nossa terra”.
       O salmista revela, em jeito de oração, uma premissa essencial da Aliança de Deus com o Seu povo, Deus quer o bem, a paz e a felicidade de todos. Por conseguinte, envia constantemente mensageiros, os profetas e os sinais que os acompanham. Mais, vem Ele próprio, como Bom Pastor para o meio do rebanho, em Jesus Cristo, que por sua vez assegura a Sua permanência através da Palavra e dos Sacramentos, através dos Seus apóstolos, de ontem e de hoje.
“Em Cristo fomos constituídos herdeiros, por termos sido predestinados, segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza conforme a decisão da sua vontade, para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo... o Espírito Santo prometido é o penhor da nossa herança, para a redenção do povo que Deus adquiriu para louvor da sua glória” (segunda leitura).
       Os Apóstolos, como os profetas, são enviados para fazer regressar a Deus todos aqueles que se perderam pelo pecado e pela fragilidade do egoísmo e da inveja. São incumbidos de curar as doenças do corpo e do espírito. Em Nazaré, Jesus não fez muitos milagres, mas curou os doentes que Lhe apresentaram. Dá a mesma missão aos discípulos: curar, reconciliar, converter. Somos herdeiros da Aliança de Deus com o Seu povo, somos filhos no Filho, recebemos o Espírito da redenção, para sermos transformados pela Sua graça e para testemunharmos em nós a salvação que Ele nos dá.


Textos para a Eucaristia (ano B): Amós 7, 12-15; Sl 84 (85); Ef 1, 3-14; Mc 6, 7-13. 

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