sexta-feira, 28 de abril de 2017

E se eles vêm da parte de Deus?!

       O tempo de Páscoa mostra como um grupo de pessoas - simples, com defeitos e limitações, hesitantes umas vezes, intempestivos outras, ora ignorantes ora ambiciosos, prontos para seguir Jesus e logo fogem com medo dos judeus - fizeram chegar o Evangelho a todo o mundo e ao século XXI, até nós. Com a Ressurreição e as aparições do Ressuscitado tornam-se corajosos, afoitos, sabendo que o Espírito de Deus os ampara e protege, sabendo também que não terão um tratamento mais leve do que teve o Mestre.
        Levantou-se um homem no Sinédrio, um fariseu chamado Gamaliel, doutor da Lei venerado por todo o povo, e mandou sair os Apóstolos por uns momentos. Depois disse: «Israelitas, tende cuidado com o que ides fazer a estes homens. Há tempos, apareceu Teudas, que dizia ser alguém, e seguiram-no cerca de quatrocentos homens. Ele foi liquidado e todos os seus partidários foram destroçados e reduzidos a nada. Depois dele, nos dias do recenseamento, apareceu Judas, o Galileu, que arrastou o povo atrás de si. Também ele pereceu e todos os seus partidários foram dispersos. Agora vou dar-vos um conselho: Não vos metais com estes homens: deixai-os. Porque se esta iniciativa, ou esta obra, vem dos homens, acabará por si mesma. Mas se vem de Deus, não podereis destuí-la e correis o risco de lutar contra Deus». Eles aceitaram o seu conselho. Chamaram de novo os Apóstolos à sua presença e, depois de os terem mandado açoitar, proibiram-nos falar no nome de Jesus e soltaram-nos. Os Apóstolos saíram da presença do Sinédrio cheios de alegria, por terem merecido serem ultrajados por causa do nome de Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e anunciar a boa nova de que Jesus era o Messias (Atos 5, 34-42).
     
       Os apóstolos cumprem a missão de anunciar Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, em todas as ocasiões, no templo, na sinagoga, em casas particulares. Como em relação a Jesus, também em relação aos discípulos cedo se levanta a perseguição por parte das autoridades do Templo, pelos chefes do povo, se bem que surja sempre alguém a professar a fé em Jesus e depois nos apóstolos, ou pelo menos, a usar de tolerância. Nicodemos, um dos chefes dos judeus, aderiu a Jesus. José de Arimateia não se acomodou e deu a cara por Jesus ao emprestar-lhe o túmulo. Hoje, Gamaliel, convida os seus pares a usar de sabedoria, de bom senso: se a obra for humana morrerá por si mesma, como aconteceu em muitas situações no passado, mas se for de Deus não poderá ser destruída e estarão a lutar contra Deus.
       O discernimento de Gamaliel, doutor da Lei, é uma preciosa ajuda diante das dificuldades e das dúvidas e deixa-nos um desafio importante: quando não soubermos o que vem de Deus, o melhor é dar o benefício da dúvida, ou como nos diz Jesus, numa das parábolas, há que deixar crescer juntamente o trigo e o joio, até à hora da ceifa, para que não se destruam os dois com a desculpa de que se procura eliminar o joio...
       Ainda que seguindo as palavras de Gamaliel, as autoridades mandam açoitar os Apóstolos e proíbem-nos de ensinar.
       Por sua vez, os Apóstolos saem da presença das autoridades cheios de alegria por terem dado testemunho de Jesus na adversidade.

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