LIBÂNIO, João Batista (2015). A Ética do Quotidiano. Obra póstuma. Prior Velho: Paulinas Editora. 200 páginas.
O autor terminou a revisão final, em vésperas de morrer. A pendrive só foi encontrada algum tempo depois, mas permitiu a publicação desta obra sobre a ética do quotidiano. Crescendo num ambiente em que o contacto com a extrema pobreza vive ao lado da riqueza luxuosa, num país marcado pelos problemas sociais, tráfico de droga, guetos, favelas, conflitos, assaltos, trabalho infantil, exploração sexual, o autor brasileiro é uma das vozes esclarecidas da Teologia da Libertação.
A sua reflexão, porém, não se enreda na luta de classes, na destruição de uns para outros ocuparem os seus lugares, mas aponta à transcendência, para garantir a perenidade dos valores, da ética, da vida, da dignidade da pessoa. O convite é que a racionalidade se abre ao divino sob pena de tudo relativizar.
No primeiro capítulo, as questões sobre a vida, sublinhando os avanços científicos e tecnológicos, mas apresentando a ética da pessoa, da sua vida e da sua dignidade, acima de experiências ou instrumentalização em prol da ciência, do lucro, jogando com o controlo da vida, quer no início quer no fim. A a religião, a fé, é a garantia que a vida não pode ser relativizada, pois só Deus é o Senhor da vida e da morte. Quem não admite a existência de Deus cedo cederá ao relativimo.
O segundo capítulo é um tema que continua na ordem do dia, a ecologia, o cuidar da casa comum. O perigo da destruição da terra, a escassez da água, a crise energética, as catástrofes, os dois extremos, a terra regenera-se por maior que seja a destruição, ou a um ecologismo que sacrificaria a pessoa em prol do ambiente. É possível a coabitação. Também aqui a dimensão da fé, da religião, da Bíblia. Deus criou o ser humano e deu-lhe o cuidado do mundo, não para o destruir, mas para o administrar.
No terceiro capítulo, a ética e o cuidado, partindo desde logo do cuidado da mãe em relação ao filho, alargando-se à vida, olhando para os outros como semelhantes, não como estorvo ou empecilho, ainda que desde o início, com Caim e Abel, as pessoas vejam os irmãos como inimigos a abater. O cuidado é atitude de quem reconhece o outro como igual, como auxiliar, como imagem e semelhança de Deus.
No quarto capítulo, a educação da ética, sublinhando a importância da educação, desde o berço, em casa, passando pela infância, pela adolescência, pela juventude. A educação é fundamental para salvar a humanidade, para salvar o mundo.
No quinto capítulo, a ética e o mundo da informação. Num mundo em que parece valer tudo, o direito à informação e à devassa sobrepõe ao direito à dignidade e à privacidade. Aqui como em outras dimensões da vida, há de encontrar-se o equilíbrio, na certeza de que não vale tudo. O direito de informar terá em conta o bem e a verdade, a dignidade das pessoas.
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