quinta-feira, 26 de julho de 2012

A nossa cura está dentro de nós!

        Hoje uma vez mais escutamos no Evangelho quotidiano o poder dado por Jesus aos seus discípulos de expulsar espíritos impuros e de curar doenças e enfermidades. O mesmo poder que Jesus possuir dá-o aos seus discípulos. Quer isto dizer, grosso modo, que também nós, como discípulos de Jesus para este tempo, recebemos o poder de expulsar espíritos demoníacos e de curar doenças e enfermidades, nossas e dos outros.
       O poder curativo é próprio do ser humano. Mas não só, outros animais "auto curam-se" e/ou auto medicam-se.
       Fisicamente, o nosso corpo tem organismos de defesa, de protecção, de reacção a corpos estranhos, ou a vírus, micróbios, bactérias, doenças. Possui alarmes. Avisa-nos, através de diferentes reacções, quando não está a funcionar bem. Por vezes contornamos ou adiamos o problema precisamente convencidos que o organismo corrigir-se-á por si mesmo. Em parte é verdade. O único senão, por vezes precisa de ser ajudado, ou pela nossa mente, ou por mecanismos externos, medicamentos...
       Por exemplo, uma ferida exposta, não se cura com as aplicações de produtos medicamentosos, mas através das propriedades do sangue. Quando se tapa a ferida, não é para que cure, mas para evitar que entre elementos que danifiquem os tecidos e adulterem o fluxo sanguíneo. As aplicações medicamentosas visam potenciar os poderes curativos existentes no nosso organismo.
       Mesmo em doenças crónicas e/ou doenças graves, o auxílio médico e a medicação visam preparar o organismo para que este possa ganhar a batalha da cura contra a doença. Por vezes, o estado gravoso pode levar a uma intervenção mais profunda, substituindo elementos naturais por mecanismos artificiais, mas mesmo desta forma tenta-se enganar o organismo, para que ele não detecte intromissão nos seus mecanismos. As drogas ingeridas ou introduzidas, em forma de medicamentos, procuram interferir, escondendo, enganando, adulterando o organismo. De contrário, este rejeitaria tudo o que lhe é estranho. Por vezes, mesmo com medidas drásticas, o organismo rejeita enxertos, ou órgãos alheios e/ou artificiais. A cura está dentro de nós. O médico e o medicamento potenciam o organismo para que este cure. Às vezes levam muito tempo. Ingerem-se medicamentos e só passadas semanas, meses, ou até anos é que a cura advém, quando o organismo assimilou e fez seu e o que era alheio.
       Psicologicamente, o mecanismo é semelhante. Mesmo em estados de grande ansiedade e depressão, a cura é interior. Por vezes é necessário forçar o organismo, para que este descanse, retempere forças. Os medicamentos utilizados na psiquiatria não visam a cura, mas anestesiar a pessoa, ou prepará-la para que descubra e assuma as ferramentas da sua própria cura, ou simplesmente para que o processo auto-destrutivo não seja completo ao ponto de não permitir o retorno e a cura.
       Os milagres, do mesmo modo, são uma potenciação das nossas capacidades curativas. Jesus exige sempre a fé. A cura não é um passe de mágica que, utilizando objectos, palavras e elementos da natureza, se obtenha espectacularmente. As palavras como os gestos, quando acontecem, visam que a pessoa desperte e se deixe tocar pela graça.
       O grande milagre de Jesus, e que é pedido aos seus discípulos e à humanidade, é a conversão interior, a mudança de mentalidades, o encontrar as marcas do verdadeiramente humano, e do divino e agir para curar, para salvar, para dar vida. Quantas palavras escutamos a Jesus que são sintomáticas: a cura exige a fé, "a tua fé te salvou", "vai e não tornes a pecar", "os teus pecados estão perdoados", "levantas-te e anda". As expressões são claramente um desafio à cura interior, à conversão, à mudança de vida. Nos casos, em que Jesus procura provocar a fé, haverá simultaneidade, isto é, provoca a cura, provocando a fé, ou provocando fé, provoca também a cura.
       Obviamente, os médicos e a medicina são essenciais à humanidade e á qualidade de vida. Há doenças que exigem a intervenção de clínicos especialistas no corpo e na mente. É meritório o trabalho realizado. São louváveis os esforços técnicos e científicos. Mas a lógica continua a ser a de potenciar o organismo para que o mesmo reaja. Quantas doenças físicas que não são curadas porque a mente, a força de vontade, a defesa da vida e da saúde, estão também em desequilibro e impedem a cura. Hoje, cada vez mais, os médicos sabem como o optimismo, a força de vontade, a ajuda das pessoas queridas, são essenciais, para que se obtenha sucesso contra as doenças, físicas e/ou mentais.
       Pode curar-se uma pessoa contra a sua própria vontade? Muito dificilmente. Por vezes as próprias pessoas, mais consciente ou inconscientemente auto-infligem-se doenças... algumas bem graves, físicas e mentais...
       Como é que nós podemos ser agentes curativos?
       Somo-lo em relação a nós, mas também o podemos ser na relação com os outros.
       Jesus envia-nos para curar. Quantas vezes uma pessoa ficou melhor só porque recebeu uma palavra de conforto? Quantas vezes uma criança ficou saudável do estômago porque foi acarinhada pela mãe? Quantas situações desastrosas foram evitadas com uma palavra de simpatia?
       Vale a pena reflectir!

       Leia o Evangelho. Jesus ajuda-nos a descobri o que há de melhor em nós. Introduz-nos na capacidade de amar, de perdoar, de dar, de receber dando a vida, de olhar parta o outro como pessoa, ...
       Já agora, algum livro de Augusto Cury, conhecido psiquiatra e cientista, que nos invita a sermos protagonistas da nossa vida e não espectadores... e Antoine Saint-Exupéry, com o Principezinho que busca em outros lugares o que possui no seu mundo, ainda que pequeno e com poucas coisas... e Paulo Coelho... a felicidade não está longe, no exterior, mas perto de nós, no interior... ou o livro de David Servan-Schreiber, CURAR o stressm a ansiedade e a depressão sem medicamentos nem psicanálise, Dom Quixote, Lisboa: 2004.

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