Apresentar João Paulo II como modelo de fé e de espiritualidade é um apelo ao essencial, ao mais íntimo, ao que moveu poderosamente esta figura da Igreja Católica num tempo difícil
        "A noite de 2 de abril de 2005, na qual João Paulo II morreu, aos 84  anos de idade, foi, pessoalmente, muito longa, cheia de trabalho, de  cansaço, de sentimentos que se misturavam.
       Depois de vários dias a seguir o progressivo agravamento do estado de  saúde do Papa polaco, o desfecho era anunciado e mais do que  previsível, mas só às 21h37 de Roma é que tantos e tantos se  confrontaram com o final de um percurso de vida notável.
       O Papa caminhou serenamente para a hora do adeus e o mundo  acompanhou-o com a sua solidariedade e oração, numa prova suprema da  universalidade desta figura incontornável.
       Nenhuma cara seria tão familiar, no conjunto dos cinco continentes,  como a de este homem de branco que recebeu milhões de pessoas no  Vaticano – seja em celebrações litúrgicas, seja em audiências públicas e  privadas -, e foi ao encontro delas, nos seus países, nas suas 129  viagens fora da Itália.
       Milhares de milhões habituaram-se, por outro lado, à sua presença nos  meios de comunicação social e foi através dos media que acompanharam o  desenrolar do estado de saúde do Papa. Mais do que nunca, João Paulo II  pareceu ser um familiar de homens e mulheres de todo o mundo, que  assistiram ao agravamento das suas condições e ao anúncio do seu  falecimento.
       Ao muito material biográfico que estava preparado, no meio da azáfama  de reações e comunicados que chegavam, acrescentei uma última linha,  pouco profissional, por certo: “Hoje, 2 de abril, o último gigante do  nosso tempo morreu no Vaticano”. Espero que os leitores não a tenham  levado a mal.
       Seis anos depois, a beatificação de Karol Wojtyla é um momento de  memórias, muitas, lembrando as manifestações de tristeza e homenagem  que, posteriormente, se foram transformando numa festa serena.
       Apresentar João Paulo II como modelo de fé e de espiritualidade não  é, obviamente, um atestado de perfeição à sua vida, mas é um apelo ao  essencial, ao mais íntimo, ao que moveu poderosamente esta figura da  Igreja Católica num tempo difícil da história da humanidade, apesar das  suas limitações e dos seus erros. E é um momento especial para aqueles  que o conservam na memória, como se nunca fosse partir.
Octávio Carmo, in Editorial Agência Ecclesia.


 
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