Isaac aumentou a sua riqueza cada vez mais, com o passar dos anos. E ficou também cada vez mais frágil. No final, acabou por ficar cego.
Um dia, mandou chamar Esaú. “Não viverei muito mais tempo” – disse ele. “Mas gostaria de comer mais um daqueles saborosos guisados de carne antes de morrer. Será um última coisa que irei apreciar e então dar-vos-ei a minha bênção final”.
Esaú pegou no seu arco e flechas e saiu para caçar.
Rebeca havia ficado à escuta.
“Rápido” – disse para Jacob. “Buscai dois cabritos jovens. Temos de fazer um guisado de carne para o vosso pai antes que Esaú regresse. Podeis levar-lho fingindo de Esaú. Então ele dar-vos-á a sua bênção final e isso vale bastante.”
“Mas não irá funcionar” – protestou Jacob. “O nosso pai sentirá a diferença entre os grandes braços peludos de Esaú e os meus. Acabará por me odiar.”
“Fazei somente o que digo!” – sibilou Rebeca. “Tenho um plano.”
Jacob foi buscar os cabritos. Rebeca cozinhou o guisado e vestiu o seu filho com as peles dos cabritos. Jacob levou-o ao seu pai, tremendo de ansiedade com o truque que estava a pregar.
“Sois mesmo vós, Esaú?” – perguntou Isaac. “Soais mais a Jacob! Vinde… deixai-me sentir-vos… ah, sim, conheceria estes braços fortes em qualquer lugar. Deixai-me dizer a oração de bênção. Quero que prospereis e sejais chefe da família para sempre”.
E assim foi dada a bênção.
Só quando Esaú regressou a casa depois de uma caçada bem sucedida e trouxe um guisado saboroso e rico ao seu pai, é que este descobriu a artimanha.
“Já dei a bênção final” – gritou Isaac em desânimo. “Deve ter sido o vosso irmão. Ele ficou com o que era vosso”.
Esaú estava cego de raiva. Não havia nada que o seu pai pudesse dizer para o acalmar.
“Terei a minha vingança!” – disse Esaú para si mesmo. “Assim que o nosso pai morrer, matarei aquele mentiroso miserável. Não terá misericórdia da minha parte”.
Mónica Aleixo, in Boletim Voz Jovem, novembro 2011
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