Chegou-nos, há poucos dias, este pequeno grande livro, do Pe. Telmo Ferraz, da Casa do Gaiato, e que agora recomendamos vivamente.
O autor:
Pe. José Telmo Ferraz é bem nosso conhecido. Amigo de famílias que encontrou em Angola, tem vindo a cada passo a Tabuaço, para connosco celebrar Eucaristia, por alguns daqueles que o Senhor já chamou a Si. Há alguns anos atrás, responsável pelo grupo da LIAM, vinha com muita frequência, na promoção missionária, em encontros de oração e de reflexão, pelo que é também bem conhecido da comunidade paroquial.
O Lodo e as Estrelas:
surpreendeu-nos em todos os sentidos, uma vez que desconhecíamos que o autor tivesse posto em livro memórias do seu trabalho na Casa dos Gaiatos, junto das pessoas mais fragilizadas e mais desprotegidas, em Portugal e por terras de Angola.
Na construção das "barraiges", entre 1955 e 1959, por exemplo em Picote, em que muitos trabalhadores, para sustentar as famílias, estragam a vida por 25$OO (vinte e cinco escudos, para hoje: € 0,125), nas doenças dos pulmões, acabando sem qualquer protecção social, e com as respectivas famílias a morrer de fome. A presença do sacerdote é um alento para as almas, acompanhando na doença, no desfortúnio, na morte, mas também em momentos de alegria, baptizando os filhos, ajudando com os meios escassos de que dispõe ou que lhe fazem chegar.
Depois, em terras de Angola, outra realidade portuguesa, também nos idos anos de 1960 e 1961, quando fervilham ódios, conflitos, e se acentua a revolta dos negros contra os brancos, e muitas vezes, na maior das desumanidade, se mata (só) por matar, para vingar, porque alguém mandou, porque é de outra cor... e depois e de novo a pobreza extrema, a miséria, palhotas pequenas para albergar famílias com muitas bocas famintas... e os preconceitos...
O Lodo e as Estrelas (3.ª Edição, Editorial Casa do Gaiato. Paço de Sousa: 1985):
É também um testemunho de vida, de entrega, de fé. Escrito em prosa, mas com poesia nas palavras, nas frases, nos olhares que se percebem, no amor, na paixão em servir, poesia da fé mas também dos limites humanos. É uma leitura agradável, refrescante, certamente escrita com muitas lágrimas, muitas recordações, mas com a consciência que se deixaram marcas de bem dizer e bem fazer.
Parabéns aos autor. Surpreendeu-nos, muito sinceramente. E a todos o que poderão tornar-se seus leitores, não vão ficar desiludidos.
O comentário do autor sobre o livro:
«Apontamentos simples, no quotidiano, de factos tão simples, quase banais - mas nossos, reais. Há neles verdade e sinceridade. Só anseio que, partindo deles, encontres uma vivência que avive um pouquinho o teu amor pelos outros. Sabes a história da primeira parte, na primeira edição. Uma gota d'água causou susto! A esta gota d'água junto em segunda parte uns fios de espuma tecidos em Angola».
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