sábado, 26 de novembro de 2011

Domingo I do Advento (ano B) - 27 de novembro

       1 – "Disse Jesus aos seus discípulos: Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!"
       O Advento, que agora iniciamos, prepara-nos para a celebração do nascimento de Jesus, o Natal, expressão do Amor de Deus que vem até nós, encarnando, fazendo-Se homem no meio da humanidade, no tempo e na história.
       Qual natureza, com as diversas estações, em que o outono e o inverno dão lugar à primavera e ao verão, em que tudo renasce e se renova, as folhas secam e caem, mas novos rebentos surgem, rebentam, florescem, abrindo-se em belíssimas flores e frutos saborosos!
       Na liturgia fazemos um percurso espiritual similar, tudo se renova constantemente com a presença de Jesus Cristo e com o mistério da Sua morte e ressurreição. Ele veio, "limitando-Se" na nossa finitude e na nossa fragilidade, por amor levou até às últimas consequências o Seu amor para com a humanidade, morrendo numa cruz e ressuscitando, mas deixando-nos, no mistério da Eucaristia, o Seu corpo e o Seu sangue como memorial. Ele está sempre connosco. Celebramos os diversos momentos da Sua vida, para acolhermos o mistério de toda a Sua vida, que não conseguimos nunca abarcar totalmente.
       O Evangelho neste primeiro domingo do Advento, mostra-nos o grito de Jesus: vigiai. "Acautelai-vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento". Deste modo faz-se a ponte para a liturgia da palavra dos domingos anteriores, nos quais se acentuava o momento de encontro definitivo com Deus, a hora de acertar as nossas contas com Ele, num desafio permanente a que não nos deixemos adormecer. Enquanto é tempo, vigiemos, multipliquemos os talentos que Ele nos dá, vivamos com alegria, com garra, com sentido, sabendo que qualquer hora poderá será a última aqui na terra.
       2 – Neste tempo litúrgico que vivemos, a Palavra de Deus testemunha a proximidade de Deus, que vem, que permanece, que caminha connosco. Por vezes, nas situações mais difíceis da nossa vida, parece que Deus Se esconde, Se ausenta, Se distancia de nós. Mas Ele está, os nossos olhos é que se tornam opacos pelo pecado, pela dúvida, pela desconfiança em relação ao Seu poder e ao Seu amor.
       Mastiguemos as palavras do profeta Isaías: "Todos nós caímos como folhas secas, as nossas faltas nos levavam como o vento. Ninguém invocava o vosso nome, ninguém se levantava para se apoiar em Vós, porque nos tínheis escondido o vosso rosto e nos deixáveis à mercê das nossas faltas. Vós, porém, Senhor, sois nosso Pai e nós o barro de que sois o Oleiro; somos todos obra das vossas mãos".
       Por um lado as maravilhas que operou ao longo da história a que nem sempre correspondeu a vivência do povo da Aliança. "Nunca os ouvidos escutaram, nem os olhos viram que um Deus, além de Vós, fizesse tanto em favor dos que n’Ele esperam. Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos caminhos".
       Com o Salmo não apenas respondemos à Palavra de Deus, não apenas suplicamos a Sua presença, mas preparamo-nos para nos deixarmos ver por Deus e nos deixamos envolver pela Sua salvação: "Senhor nosso Deus, fazei-nos voltar, mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos". O ROSTO de Deus salva-nos do nosso egoísmo e da nossa fragilidade.

       3 – Jesus Cristo é o Rosto de Deus para nós. Ele dá-nos a conhecer Deus como Pai. Não vivemos nas trevas, mas na LUZ que é Cristo, Ele ilumina a nossa vida, o nosso caminho. Com efeito, em Jesus Cristo Se revela o amor de Deus para connosco, e, em simultâneo se revela em nós a identidade divina, somos imagem e semelhança de Deus. Mais, somos templo de Deus vivo, somos filhos no Filho, em Cristo nos assumimos como irmãos, o que nos compromete com os outros e com o mundo que nos rodeia.
       Diz-nos o Apóstolos São Paulo: "a graça e a paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Dou graças a Deus, em todo o tempo, a vosso respeito, pela graça divina que vos foi dada em Cristo Jesus. Porque fostes enriquecidos em tudo: em toda a palavra e em todo o conhecimento; e deste modo, tornou-se firme em vós o testemunho de Cristo... Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor".
       Não vivemos no desconhecimento, ignorantes, no mundo das trevas. Jesus vem até nós e mostra-nos o ROSTO de Deus, que é Amor em movimento pela humanidade inteira. A fidelidade de Deus para connosco motiva-nos à mesma fidelidade para com Ele e n'Ele ao nosso semelhante.

Textos para a Eucaristia (ano A): Is 63,16b-17.19b; 64,2b-7; Sl 79 (80); 1 Cor 1,3-9; Mc 13,33-37.

1 comentário:

  1. "Vigiai"
    "Barro"
    Oleiro, e folhas secas

    Tal é a semelhança entre o ser material e o ser humano de carne.
    Vou vigiar, vou deixar-me modelar pelas mãos do oleiro, vou deixar a minha lâmpada acesa atéà ultima morada.
    Paz e bem para si e para todos os que por aqui passarem
    Utilia Ferrão

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