Caritas in Veritate
A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
quinta-feira, 9 de janeiro de 2025
sábado, 4 de janeiro de 2025
Ermes Ronchi - a Dança dos Ventres
ERMES RONCHI (2024). A dança dos ventres. Meditações para o
Advento. Prior Velho: Paulinas Editora. 70 páginas.
O Advento, deste ano litúrgico, (2024/2025) já lá vai, o
tempo de Natal também, mas este livrinho lê-se bem em qualquer tempo litúrgico,
pois nos coloca diante da alegria de Maria e de Isabel, e dos filhos que
carregam no ventre… uma alegria tão grande que salta do ventre para os lábios!
A Voz e a Palavra encontram-se antes de nascerem! Isabel e Maria juntam a Voz e
a Palavra, João e Jesus, e dão voz às palavras para expressarem a alegria que
carregam no peito, a graça que as preenche e aos respetivos ventres onde a vida
germina até que a Luz se manifeste para o mundo inteiro.
Algumas expressões do autor:
“A vida está dentro do infinito, e o infinito está dentro da
vida; o eterno brilha no instante, e o instante insinua-se no eterno”
“O mundo não acabará no caos, o mundo não acabará no nada, mas dentro de um abraço”;
"Em cada dia, morre um mundo à nossa volta; em cada dia,
porém, também nasce outro mundo, e os nossos olhos não se devem fixar naquilo
que morre, mas naquilo que nasce”;
“Quem não levanta a cabeça, nunca verá surgir o arco-íris. E mesmo quando as lágrimas correm, copiosas, dos nossos olhos, se irrompe, como sempre acontece, um raio de luz, então, do encontro da água com a luz, nascem arco-íris”;
“O grande milagre é caminhar de cabeça erguida na vida sem
milagres, mas com a proximidade de Deus, que nos toma pela mão… Deus esconde-se
nos detalhes”;
“O silêncio é um amor sem palavras, é como que o instante suspenso em que o regente da orquestra ergue a sua batuta, antes de começar, aquele instante imenso que precede a ‘ouverture’ da sinfonia. Depois do silêncio, o assombro e a perturbação”;
“O nosso Deus pode ser surpreendido nos caminhos, nas casas,
nos berços, nas mãos de quem te quer bem”;
“Maria é a mulher do sim. Contudo, o seu primeiro sim foi dito a José, só num segundo momento pronunciou o seu sim a Deus”;
“Maria tem um amor e uma casa e dá-nos testemunho de que, na
vida, podemos passar sem muitas coisas, mas não sem uma casa; podemos ser
pobres de tudo, mas, para viver, precisamos de amor, ou melhor, precisamos de
muito amor para viver bem”;
“Deus está em ação dentro das nossas relações, fala dentro das famílias, no diálogo, no drama, na crise, nas dúvidas, nos impulsos de um casal, onde se criam maravilhosos oásis de verdade e de amor que são as famílias, que nos salvam do risco de acabarmos no deserto dos sentimentos, nas glaciações dos afetos”
“Deus compraz-se em encerrar o grande no pequeno, o carvalho
na bolota, o Verbo na carne, a eternidade no instante. Não temas os novos
caminhos de deus, tão distantes da aparência, das luzes, da solenidade dos
Templos; não temas a manjedoura, a aspereza da palha, em que Deus se tornará
menino, vagido, fome de leite, sorriso, com grandes olhos muito abertos, mão
pequeníssima que se estende para ti, tal como Deus Menino se inclina para ti,
para mim. Não temas este Deus Menino. Ele viverá se tu o amares, deus viverá
pelo teu amor: nós podemos ser o berço ou o túmulo de Deus. Este Menino será
feliz, se tu o fizeres feliz, e é isso que o Anjo repete a cada mãe, a cada
pai; o teu filho viverá, se tu o amares, todos nós viveremos pelo amor de uma
mãe e de um pai. Hoje cabe-nos também nós ajudar Deus a estar vivo no mundo, a encarnar
nesta história, nestes caminhos, nestas praças, dando-lhe tempo e coração; Deus
viverá nestas nossas cidades distraídas, nestas casas encerradas, fechadas, só
por nosso amor. Maria, tu conceberás e darás à luz: eis que Deus também transforma
o corpo e a vida de Maria, também o corpo, porque sem o corpo de Maria, o
Evangelho perde corpo e torna-se conceito. Maria é tão importante na história
porque é o ponto de contacto do humano com o divino, é o lugar de encontro entre
a materialidade da nossa vida e a divindade. É Deus que se enxerta no humano, o
cromossoma divino dentro do ADN humano”;
“As duas primeiras profetisas do Novo Testamento são duas mães á espera e um filho e anunciam que a Palavra de Deus vem e gera vida em nós”;
“Quem quer bem não é preguiçoso, não é indolente, tem sempre
pressa, sente-se atrasado em relação à necessidade dos outros, à sua fonte de encontros
e de abraços. Escreve uma mística medieval: ‘os sábios caminham, os justos
correm, mas os enamorados voam’ (Camila Battista da Varano, de Camerino)”.
Em contracapa:
“Um coração em registo de Advento é leve e atento, está
expectante de vida. Testemunhas do encontro de Maria e Isabel, somos desafiados
a viver um tempo favorável, onde, aprendendo a mover-nos por amor, permanecemos
atentos ao pequeno no nosso quotidiano, que é cheio de potencial de infinito.
Na sua simplicidade lírica, este livro convida-nos a viver continuamente ao
jeito do Advento, a acolher Deus no íntimo da nossa vida, para que, no seu
amor, também nós possamos ser sinal visível da sua ternura no mundo”.
O autor:
Ermes Maria Ronchi (Racchiuso di Attimis) nasceu a 16 de
agosto de 1947, é um sacerdote e teólogo italiano da Ordem dos Servos de Maria.
É professor de estética teológica e iconografia na Pontifícia Faculdade de
Teologia "Marianum" em Roma. É autor de numerosos e populares livros
de espiritualidade, alguns dos quais já publicados pelas Paulinas Editora, tais
como “As Casas de Maria” ou “Os beijos não dados. Tu és a Beleza”, bem como
meditações para os domingos dos três anos litúrgicos.
Doutorado em Antropologia Cultural pela Sorbona e em
Ciências Religiosas pelo Instituto Católico de Paris, é uma presença assídua na
impressa e televisão italianas, reside atualmente no pequeno Convento de Santa
maria del Cengio, no Véneto.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
sexta-feira, 6 de dezembro de 2024
Solenidade da Imaculada Conceição - 8 de dezembro
1 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
Não é preciso dizer muito mais. O Evangelho é Jesus Cristo. A Boa Notícia da Salvação. Nossa alegria e nossa esperança. Nossa Páscoa. É Ele que definitivamente rasga os céus. Enviado pelo Pai, entra na história e no tempo. Vivendo como verdadeiro homem, assume-nos por inteiro, no tempo e na finitude, na fragilidade e no sofrimento. Vive entre nós. Levado a um julgamento iníquo, carrega-nos até ao Calvário, obriga-nos a olhar para o alto, para além de nós, acima deste chão que nos irmana e nos faz mais iguais. Morre, mas volta, ressuscita, regressa para nós. Pelo Espírito Santo permanece connosco até ao fim dos tempos.
Mas antes, antes de tudo, antes da criação e do mundo, desde sempre no pensamento de Deus, uma Mulher sonhada e criada para amar, para "facilitar" um caminho de liberdade e de respeito pela dignidade humana. Deus criou-nos com inteligência e vontade. Livres para amar ou para odiar. Livres para Lhe respondermos, ou para nos afastarmos d'Ele. Como os pais que querem o melhor para os filhos e, muitas vezes, têm ganas de os obrigar porque é para o bem deles... mas a vida é deles. Deus dá-nos a vida como dom e como tarefa. Cabe-nos viver.
A história que deveria ser harmoniosa instala a discórdia, e às tantas, vem ao de cima o que nos separa e não o que nos liga e nos identifica como irmãos. Esquecemo-nos dos outros. Ou temos os outros como inimigos cuja vida parece estorvar a nossa. Deus não desiste nunca. Ainda que nos cansemos de O acolher. É nesta história de amor que Deus escolhe um povo. Envia mensageiros. Vem Ele próprio, como Deus e Senhor, não por cima impondo-se, mas debaixo, nascendo, vindo do mesmo pó da terra. Terra que se mistura com o sopro do Seu Espírito. Assim connosco, assim com Jesus. Respeitando a Sua obra criadora, Deus, para nascer como Homem precisa, melhor, quer precisar, de uma mulher. E a aí está Maria, a cheia de graça.
2 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
Deus espera por nós, sempre espera, aguarda, pacientemente, como o Pai da parábola, cujo filho se prodigaliza. Criou-nos sem nós, diz Santo Agostinho, mas não nos salva contra a nossa vontade. Espera o nosso SIM mas não força. Quando o Anjo anuncia Aquele que está para vir há uma espera infinita: o Todo-poderoso fica a depender da vontade de uma Mulher, cujo coração desde sempre preparou, virginal e fiel, cheio de graça e de amor. O projeto inicial, que em Eva encontrou resistência, encontra agora um coração singelo. Deus não se enganou antes. Mas só a Nova Eva – Maria – é plena de graça.
Deus não abandou o Homem à sua sorte mesmo quando este se quis independente e longe do Criador. O rumor dos passos de Deus fazem-se ouvir no jardim. Diante d'Ele não podemos estar vestidos, disfarçados, pois Ele contempla o nosso interior. Vem ao nosso encontro, ainda que nos escondamos. O mal maior não é o pecado mas aquilo que provoca em nós, a vergonha, o medo, a falta de confiança em Deus. Também a nós nos pergunta onde nos encontramos, em que situação vivemos, o que fazemos do tempo e dos dons que nos dá. Refira-se que o conhecimento não é, a priori, um bem ou mal em si mesmo, mas o que fazemos com o nosso saber e com a nossa vontade, com os caminhos que escolhemos seguir. Se o utilizamos com sabedoria, orientando-nos para o bem e para os outros, então o conhecimento é facilitador. Se o utilizamos para benefício próprio, por egoísmo, e contra os outros, então o conhecimento é nefasto.
Por outro lado, neste texto é visível o respeito de Deus pela nossa autonomia e liberdade. Quer e procura o nosso convívio, mas permite que nos escondamos. Ao mesmo tempo mostra como é Pai, não tem vergonha de nós, não Se cansa de perdoar, nós é que nos cansamos de lhe abrir o coração e a vida, para que nos encontre e de novo nos transforme.
3 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
Inesperadamente, um Anjo entra na vida de Maria, saudando-A: Ave, ó cheia de graça, o Senhor está contigo. Irás ser Mãe do Filho de Deus. Maria, como pessoa inteligente e livre, com vontade própria, não se deixa iludir nem manipular. Logo questiona: como será isso se Eu não conheço homem? A resposta do Anjo encontra eco em toda a Palavra de Deus, no Antigo e Novo Testamento: não temas, Maria, «o Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra». Curioso, quantas vezes perscrutamos a voz de Deus a transmitir-nos confiança. Para tornar mais fácil a perceção do que está para a acontecer, o Anjo Gabriel informa Maria que a Sua prima Isabel, estéril, se encontra grávida. Os mistérios de Deus são insondáveis. Não queiramos escrutinar tudo. O mistério, por mais que se desvele, permanece mistério. Por conseguinte, não nos impõe nada que não acolhamos de livre vontade.
Maria fica extasiada. Como é possível? Mas não faz perguntas indefinidamente, pergunta o essencial: como é que Deus pode nascer de uma mulher, de uma Virgem? Com a resposta do Anjo, Maria não hesita: realize-Se em Mim a Tua santa vontade.
O sim de Maria altera para sempre a história da salvação e a relação de Deus com o ser humano, que não mais se fará por intermediários, do exterior para o interior, mas pelo próprio Filho, dentro da história e do tempo, dentro da humanidade, o único Mediador entre Deus e os homens. O sim de Maria é anterior à expressão dos lábios, é um Sim que Ela trazia no peito, no coração, um sim sempre pronto a dar-se, a perder a própria vida para que outros pudessem ter vida própria. Quando as palavras do Anjo se fazem ouvir no Seu coração, Ela exalta de alegria, não apenas por si, mas por se tornar morada do Deus Altíssimo, dando à humanidade a mesma possibilidade. Também agora podemos ser morada de Deus, templos do Espírito Santo. Mas atenção, o sim de Maria não é estático, mas dinâmico, logo que o Anjo ascende, Maria corre para a montanha para ajudar a Sua prima Isabel.
4 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
O projeto de Deus é concretizável pela resposta humana, por esta primeira resposta de Maria. Concebida sem mancha, sem pecado, cheia de graça, salva, por antecipação e privilégio, em atenção à redenção que para todos vem da Cruz e da Ressurreição de Jesus, Maria acolhe a Palavra de Deus e fá-la crescer no seu ventre e na sua vida.
Com Ela também nós podemos cantar um cântico novo, «pelas maravilhas que Ele operou. O Senhor deu a conhecer a salvação, revelou aos olhos das nações a sua justiça. Recordou-Se da sua bondade e fidelidade em favor da casa de Israel. Os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai».
O Evangelho, a Boa Notícia que nos chega ao ouvido e ao coração, suscita Alegria e confiança. Alegra-Te Senhora, vais ser Mãe de Deus. Alegra-Te Maria que nos hás de dar o Salvador. Alegremo-nos nós também, ouvindo a Sua voz, exultemos de alegria, em altos brados. Façamos frutificar em nós, na nossa vida, Jesus. N'Ele «fomos constituídos herdeiros, para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo... Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, a fim de sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho».
A condição para sermos morada do Deus altíssimo, para que em nós se realizem as maravilhas do amor e da paz, da justiça e do bem, é imitar Maria, em humildade e prontidão para servir: realize-se em mim a Tua vontade. Vem, nasce em mim, ilumina-me com a Tua bondade, dá-me o Teu perdão, guia-me para Ti, faz-nos reconhecer-te e a amar-te em cada irmão.
Reflexão na página da Paróquia de Tabuaço
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Pai-nosso galego - Junto ao Mar
Pai-nosso galego - Junto ao Mar. Interpretação na Missa com Crianças, sábado, 16 de novembro de 2024, em dia de Magusto Paroquial
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