Chega,
de sentir a alma ferida.
Chega,
de ver gente a dormir ao frio,
Chega,
de ver lá fora um Sol magnífico,
e de ficar todo o dia a penar,
cá dentro,
com o coração triste e num desatino,
como se fora ele também um sem-abrigo,
Chega,
de viver ancorado
ao esquecimento dos outros,
ao tempo do desamor,
ao tempo da indiferença,
submetidos apenas pelo maldito
confronto ideológico,
pela ganância e pelo ódio,
que transparece no semblante carregado do outro,
porque vive mordido e espicaçado pela ambição
pelo efémero,
e pela cobiça.
Chega,
de viver num tempo sem tempo,
que nem sequer nos deixa,
saborear com prazer,
o supremo bem da fraternidade e
da partilha,
o privilégio que é ter um só amigo.
Chega de presenciar rostos que empalidecem de medo,
por nem sequer terem pão para dar a um filho.
Chega,
de observar gente a correr num desatino,
à procura daquilo que não chega,
o emprego,
o mero salário,
uma protecção para o vento e para a chuva.
Chega, Chega, Chega.
Se não o mundo não vai chegar sequer,
para um novo homem poder nascer!
Chega,
definitivamente,
chega,
destas crises sem sentido!
Chega,
porque senão,
eu morro antes do tempo,
saudável e com vida!
(autora Beatriz Barroso)
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