Na manhã de Páscoa, as mulheres correm ao sepulcro e encontram-no vazio, sem o corpo de Jesus. Como tem acentuado o nosso Bispo, o sepulcro está cheio de sinais que importa ler, a disposição das roupas de Jesus, o anjo ou os dois homens vestidos de branco, a luz, e o desafio a procurar Jesus fora do túmulo.
Em todo o caso poder-se-á fazer uma outra acentuação que é clarividente na leitura dos Evangelhos. O que provoca a fé na ressurreição é o encontro com o Ressuscitado e não o sepulcro vazio. As mulheres aproximam-se do sepulcro, não encontram o corpo de Jesus e ficam atemorizadas. Maria Madalena pergunta ao próprio Jesus, pensando que é o jardineiro, onde puseram o corpo de Jesus, deduzindo-se a possibilidade de roubo ou de colocação em outro túmulo. A corrida de Pedro e do discípulo amado ao sepulcro é consequência do anúncio que as mulheres fizeram; no túmulo confirmam as informações e começa o processo de fé na ressurreição, mas esta só se clarifica no encontro de Jesus com os discípulos.
Segundo o Papa Bento XVI / Joseph Ratzinger, o túmulo vazio é um pressuposto da fé da Ressurreição, bem com o Corpo incorruptível de Jesus. O túmulo está vazio até hoje, pois Jesus ressuscitou.
Não sendo um dado histórico e empírico, continua o Papa Emérito, “ultrapassa a história, mas deixou o seu rasto na história”.
O decisivo para a fé na ressurreição será sempre o encontro com Jesus Ressuscitado. A este respeito diz José Antonio Pagola, que “o relato do sepulcro vazio, tal como foi recolhido no final dos escritos evangélicos, encerra uma mensagem de grande importância: era um erro procurar o crucificado no sepulcro. Não estava lá. Não pertencia ao mundo dos mortos. Era um equívoco render-lhe homenagem de admiração e de reconhecimento pelo seu passado. Ressuscitou. Estava mais cheio de vida do que nunca. Ele continuava a animar e a guiar os seus seguidores. Era preciso ‘voltar à Galileia’ a fim de seguir os Seus passos: continuar a curar os que sofriam, a acolher os excluídos, a perdoar os pecadores, a defender as mulheres, a abençoar as crianças. Era preciso continuar a organizar refeições abertas a todos e a entrar nas casas com o anúncio da paz… Era preciso continuar a anunciar que o Reino de Deus estava próximo. Com Jesus, era possível um mundo diferente, mais amável, mais digno e mais justo. A esperança para todos”.
publicado na Voz de Lamego, n.º 4355, de 22 de março de 2016
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