domingo, 21 de novembro de 2010

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo - 21 de Novembro

       1 – "Damos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados… Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar".
       A Epístola do Apóstolo São Paulo aos Colessenses, nestas breves palavras, mostra como Jesus Cristo nos torna participantes da Sua realeza. Mais, clarifica, de sobremaneira, de que espécie é o seu reinado e de que forma assume e vive a Sua soberania.
       Deus, nosso Pai, liberta-nos do poder das trevas e insere-nos no reinado de Jesus. Em Cristo, temos a redenção, o perdão dos pecados, tornamo-nos membros da Igreja, Corpo de Cristo. Ele é a Cabeça, nós os membros, mas formamos um só Corpo, em Cristo, por Cristo, com Cristo.
       Com efeito, o reinado de Jesus não é conquistado com poder, com negociatas, com troca de favores, com recurso à violência e à submissão, é um reino de justiça, de paz, de amor, que Ele ganha para nós com a Sua oferenda na Cruz, a favor da humanidade inteira.
       2 – Diga-se, na verdade, que o tema da realeza divina é recorrente na Sagrada Escritura. O povo de Israel, num primeiro momento, não aceitava a realeza humana e quando a aceita é derivada, em nome da realeza de Deus, pois só Ele é verdadeiramente o Deus de Israel. O povo é guiado pelos Patriarcas, pelos Juízes, pelos Profetas. Há relatos que mostram a discussão acesa sobre a necessidade ou não de haver um rei. Os povos vizinhos eram governados por reis. Então porque não ter também um rei?!
       Ganha esta opção. Primeiro Saul, depois David, a seguir Salomão, e muitos outros se seguirão. O rei é escolhido pelo profeta, enviado de Deus, e é ungido em nome do Senhor, significando que a soberania divina se mantém através da realeza terrena.
       É, contudo, uma discussão permanente. Os profetas contestam o poder dos réis de Israel, sobretudo quando estes se desviam do caminho do Senhor, dos preceitos de Deus.
       Todavia, o reinado de David, que une os reinos de Judá e de Israel, ficará como uma imagem da verdadeira realeza de Deus: “Tu apascentarás o meu povo de Israel, tu serás rei de Israel” (Primeira Leitura). Apesar de se lhe encontrarem falhas muito grandes, é o modelo de REI, é o pastor de Israel que foi ungido para governar todo o povo. Durante 40 anos, David governou com sabedoria o povo eleito: uniu as 12 tribos, o norte e o sul, constituiu um exército, para defender o reino dos povos circunvizinhos, estabeleceu alianças, fomentou a paz, as trocas comerciais. É um reinado dourado. Nunca mais Israel terá um Rei como David. Por conseguinte, o povo vai suspirando por um novo David, que será Rei, Profeta, Pastor, Príncipe da Paz. É nesta esperança que chegamos a Jesus Cristo.

       3 – Jesus Cristo dá corpo e vida às esperanças messiânicas de Israel. N'Ele se realizam todas as profecias. É o Pastor que nos carrega aos ombros. É o Rei de Israel e da humanidade inteira. É o Profeta, o enviado de Deus, o próprio Filho do Deus Altíssimo.
       Mas vai muito além de todas as esperanças. Substitui-nos na Cruz e assume-nos como irmãos, mostra-nos o rosto de Deus, que n'Ele Se apresenta Próximo, misericordioso, benevolente, sempre pronto a perdoar, a acolher, a reconhecer-nos como Filhos, a aceitar-nos mesmo e apesar das nossas misérias.
       Jesus vive intensamente a Sua vida, como entrega, como oblação, oferece-Se e oferece-nos a Deus. No alto da Cruz, a sua realeza é e será sempre AMOR. "Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus»". Mas não é um Rei qualquer que perdeu o poder e foi crucificado. Pelo contrário, foi crucificado e ganhou-nos a soberania de Deus, colocou-nos, pela ressurreição, à direita de Deus Pai, de onde nos atrai constantemente.
       É n'Ele que queremos encontrar-nos. Também nós suspiramos pelas palavras que dirige ao bom ladrão: "Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso".
       Que contradição imensa, o nosso REI está na Cruz! Morre por amor. Dá a Sua vida por nós, para que tenhamos vida e vida em abundância, chama-nos para viver na tensão/atracção do Reino de Deus. Com o olhar fito no Paraíso, para que o nosso compromisso nos irmane com o nosso semelhante e possamos desde já, viver na presença de Deus.
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Textos para a Eucaristia (ano C): 2 Sam 5,1-3; Col 1,12-20; Lc 23,35-43

1 comentário:

  1. Passo por aqui frequentemente...hoje, para te recordar que morri por ti...

    Sê feliz! O teu Amigo de todas as Horas...

    Cristo

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