sábado, 9 de outubro de 2010

XXVIII Domingo Tempo Comum - 10/outubro

       1 – Uma característica fundamental para se ser feliz é a humildade. Do mesmo modo para se ser santo. Santidade e felicidade, para o cristão, são termos equivalentes. A humildade coloca-nos em comunhão com os outros e em comunhão com o Totalmente Outro (ou melhor, o Totalmente Próximo). Leva-nos a reconhecer a nossa indigência, as nossas limitações, a nossa finitude, não como fatalidade, mas como abertura solidária e aceitação do outro e da sua ajuda.
       A soberba e a arrogância, expressões da auto-suficiência, encerram a pessoa em si mesmo. Com efeito, aquele que se considera independente em relação a tudo e a todos, assume não precisar de ninguém. Fecha o coração ao Outro (como próximo e como Deus). Não precisa de salvação. Fecha-se a novas descobertas, a novos encontros, ao conhecimento que vem dos outros e do mundo, fecha-se à esperança e ao futuro.
       O Mestre dos Mestres, Jesus Cristo, mostra-nos que a humildade nada nos tira, mas pode dar-nos o essencial, a própria vida em abundância que Ele nos traz, o próprio Deus.
       2 – Na liturgia da palavra deste domingo, salienta-se a humildade para acolher a salvação, ainda que esta possa vir de fora, doutra religião e de outra nacionalidade, e sobretudo do Alto, e para agradecer o DOM recebido.
       Na primeira leitura, é-nos apresentada a última parte de um episódio que exige a humildade para se dar a cura/salvação. Um general sírio, chamado Naamã, ouve falar de Deus que Se revela a Israel, e do Seu poder. Estando leproso, depois de recorrer a vários meios, resolve tentar a religião judaica e o profeta Eliseu. Este manda-o lavar-se sete vezes no rio Jordão. Num primeiro momento vem o orgulho e a soberba. O general recusa-se, dizendo que no seu país também existem rios. Esperava uma intervenção imediata e milagrosa de Deus. Eliseu exige-lhe um gesto simples mas que implica a renúncia ao preconceito e à presunção. O próprio servo do general lhe lembra que não é nada de especial, não é nada que não se possa fazer facilmente. E então "o general sírio Naamã desceu ao Jordão e aí mergulhou sete vezes, como lhe mandara Eliseu, o homem de Deus".
       No Evangelho, 10 leprosos vão até Jesus. Desde logo, a humildade para reconhecer a necessidade de cura. Jesus manda-os mostrar-se ao sacerdote. Algo de muito simples. A salvação de Deus é DOM que nos envolve, exige um movimento de aceitação da nossa parte.

       3 – Mas a humildade também nos leva à gratidão, que por sua vez nos abre novas janelas para o futuro. O general Naamã volta para agradecer a Eliseu. Este cumpriu como intermediário da graça de Deus e, por conseguinte, a gratidão deve orientar-se para Deus. Também os dons que Deus nos dá são para colocarmos ao serviço uns dos outros.
       No Evangelho, dos 10 leprosos, só um volta para agradecer a Jesus, glorificando a Deus: "um deles, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus para Lhe agradecer. Era um samaritano. Jesus, tomando a palavra, disse: «Não foram dez que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?»"
       Quantas vezes, bafejados pela vida, não nos damos conta dos bens que recebemos de Deus, na nossa família, dos que nos são próximos!

       4 – A Epístola de São Paulo a Timóteo, ainda que de forma diversa, também nos fala da humildade do testemunho: recebemos de Deus, para darmos do que recebemos. "Se morremos com Cristo, também com Ele viveremos; se sofremos com Cristo, também com Ele reinaremos; se O negarmos, também Ele nos negará; se Lhe formos infiéis, Ele permanece fiel, porque não pode negar-Se a Si mesmo".
       O testemunho é essencial no cristão: aquele que se sabe salvo por Deus, em Jesus Cristo, e que deixa transparecer a alegria, nas palavras e nas obras, para todo o mundo. A LUZ de Deus que irradia em nós torna-nos luminosos. Não opacos. É uma luz que incendeia o nosso coração, que queima, que transforma, que ilumina, e que não podemos encerrar em nós.
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Textos para a Eucaristia (ano C): 2 Reis 5,14-17; 2 Tim 2,8-13; Lc 17,11-19

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