sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Novena da Imaculada Conceição 2016 - terceiro dia

       Ao terceiro dia da Novena, o Pe. Joaquim Dionísio começou por evocar a figura de Santa Teresa de Jesus, ou Santa Teresa de Ávila, ao tempo em que se tornou reformadora do Carmelo. Procurava então viver santamente, estendendo o testemunho às irmãs e aos religiosos em que viviam nos diferentes conventos. Pelo caminho encontrava muitos obstáculos, era criticada, abertamente, contestada, acusada, com processos que lhe moveram, dentro da própria congregação.
       Decidiu queixar-se a Jesus: bem vês o bem que procuro fazer e o testemunho que quero dar de Ti e do Teu Evangelho, procuro viver com humildade e ser prestável a toda a gente, e no entanto não me deixam em paz. A reposta de Jesus: é assim que trato os meus amigos. Contra-resposta pronta de Santa Teresa: é por isso que tens tão poucos!
       A partir daqui o nosso Pregador, propôs-se refletir sobre a dificuldade de dar testemunho. Também nós nos queixamos ao Senhor, questionando-O sobre as dificuldades que temos de enfrentar, rezamos, vimos à Missa, confiamos n'Ele, praticamos o bem, e mesmo assim sofremos, somos colocados à prova, com injustiças, sofrimentos, incompreensões, doenças, solidão... Questionamos Deus.
       No dia de Páscoa, dois homens caminham tristes, desiludidos em direção a Emaús, vão a falar do que sucedeu com o Senhor, em Quem tinha depositado a sua confiança, pensando que Ele ia resolver os problemas, restaurar a paz e a glória de Israel. Ouviram-n'O entusiasmados, acompanharam-n'O para todo o lado, pensaram que ira ser um tempo de sucesso. Mas no fim, Aquele que seria o Messias esperado, foi preso, julgado e morto numa cruz. Tudo pareceu em vão.
       Entretanto um terceiro Homem vem ao encontro deles e começa a falar com eles, a explicar-lhes as Sagradas Escrituras, mostrando que tudo o aquilo que aconteceu tinha de acontecer para se manifestar a glória de Deus. Este terceiro homem é o Senhor. Acompanhou-os ao longo do caminho. Como vinha caindo a noite, convidaram-n'O para pernoitar em sua casa. Durante a refeição, ao partir do pão, isto é, a Eucaristia, revelou-lhes que a ressurreição, a vida, venceu a morte. A dúvida deu lugar à fé e à confiança. A tristeza deu lugar à alegria. O medo deu lugar à partilha, ao anúncio, ao testemunho.
       Também isto é construir sobre a rocha, no dizer do Evangelho deste dia (Mt 7, 21.24-27).
       Os discípulos de Emaús somos nós. A escuta da Palavra, a sua reflexão, permite aclarar dúvidas e interrogações. A escuta da Palavra de Deus e o vir à sua mesa. A dúvida permite perguntar. Como Santa Teresa de Jesus. Deus responde com a Sua Palavra, com os Seus dons.
       Por outro lado, Deus não força. Vem, coloca-Se perto, mas respeita o nosso ritmo, não empurra, não arrasta, não exclui.Caminha connosco. Está no meio. Importa que esteja no meio. Os discípulos de Emaús estavam tristes porque perderam Jesus de vista. Ele tem de estar visível, ser o centro. Como tem referido o Papa Francisco, a Igreja reflete Cristo, havendo o perigo da autorrefencialidade, da Igreja se anunciar a si mesma. Como a Lua, que não tendo luz própria, reflete a luz do Sol, assim a Igreja, assim os cristãos. Vamos ao Seu encontro, deixemo-nos encontrar por Ele, coloquemo-l'O no centro.
       No primeiro dia de Novena, refletimos sobre a alegria de ser cristão. No segundo, do testemunho, neste terceiro dia, da dificuldade em dar testemunho, quando a fé é testada pela vida, pelos dias de chuva e sofrimento.
       Samta Teresa sentiu essas dificuldades. Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, a Imaculada Conceição, também viveu momentos de dúvida, questionando o Anjo, e tantos outros momentos em que tudo parecia correr contrário ao que seria expectável da parte de Deus. Mas confiou em Deus, deixou que a fé superasse a dúvida e que o medo desse lugar à confiança. Também assim é construir sobre a rocha, na oração, na escuta da Palavra de Deus, participando do Seu banquete.
       Por fim, outro aspeto... Terminou o Jubileu da Misericórdia. O Papa colocou em grande evidência a reflexão e sobretudo a prática das 14 obras de misercórdia, 7 corporais e 7 espirituais. O Pregador desafia a vivência de uma 15.ª Obra de Misericórdia: acordar os que estão a dormir. Acordarmos quem está a dormir e deixarmo-nos acordar quando adormecemos. Podemos ir a caminho de Emaús, mas deixemos que nos acordem para regressar e dar testemunho do Crucificado-Ressuscitado, como Santa Teresa, como Maria. Também isto é construir sobre a rocha.
       Por vezes a fé acaba, as famílias desfazem-se, a relação pais-filhos esmorece, porque alguém se ficou a dormir, descuidando-se de viver. Deus dá-nos dons. Qual a melhor maneira de os guardar? Pergunta feita pelo Pe. Joaquim. A melhor forma de guardar os dons é partilhá-los. Quanto mais gastarmos a vida, quanto mais vivermos, mais vida teremos...
       Também isto é construir sobre a rocha, para testemunhar Jesus. Ajuda-nos no caminho, Nossa Senhora da Conceição, intercedendo por nós, cuidando para que Jesus esteja no centro, incentivando-nos à escuta da Palavra que alimenta a nossa fé, que nos alimenta no caminho e nas dificuldades que vamos encontrando.

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