O menino voltou-se para a mãe e perguntou:
“Os anjos existem mesmo? Eu nunca vi nenhum.”
Como ela lhe afirmasse a existência deles, o pequeno disse que iria andar pelas estradas, até encontrar um anjo.
“É uma boa ideia”, falou a mãe. “Irei com você.”
“Mas você anda muito devagar,” argumentou o garoto. “Você tem um pé aleijado.”
A mãe insistiu que o acompanharia. Afinal, ela podia andar muito mais depressa do que ele pensava.
Lá se foram. O menino saltitando e correndo e a mãe mancando, seguindo atrás.
De repente, uma carruagem apareceu na estrada. Majestosa, puxada por lindos cavalos brancos. Dentro dela, uma dama linda, envolta em veludos e sedas, com plumas brancas nos cabelos escuros. As jóias eram tão brilhantes que pareciam pequenos sóis.
Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora:
“Você é um anjo?”
Ela nem respondeu. Resmungou alguma coisa ao cocheiro, que chicoteou os cavalos e a carruagem sumiu na poeira da estrada.
Os olhos e a boca do menino ficaram cheios de poeira. Ele esfregou os olhos e tossiu bastante. Então, chegou sua mãe que limpou toda a poeira, com seu avental de algodão azul.
“Ela não era um anjo, não é, mamãe?”
“Com certeza, não. Mas um dia poderá se tornar um”, respondeu a mãe.
Mais adiante, uma jovem belíssima, em um vestido branco, encontrou o menino. Seus olhos eram estrelas azuis e ele lhe perguntou:
“Você é um anjo?”
Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:
“Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo.”
Enquanto acariciava o menino e o beijava, ela viu seu namorado chegando. Mais do que depressa, colocou o garoto no chão. Tudo foi tão rápido que ele não conseguiu se firmar bem nos pés e caiu.
“Olhe como você sujou meu vestido branco, seu monstrinho!” Disse ela, enquanto corria ao encontro do seu amado.
O menino ficou no chão, chorando, até que chegou sua mãe e lhe enxugou as lágrimas com seu avental de algodão azul.
Aquela moça, certamente, não era um anjo.
O garoto abraçou o pescoço da mãe e disse estar cansado.
“Você me carrega?”
“É claro”, disse a mãe. “Foi para isso que eu vim.”
Com o precioso fardo nos braços, a mãe foi mancando pelo caminho, cantando a música que ele mais gostava.
Então o menino a abraçou com força e lhe perguntou:
“Mãe, você não é um anjo?”
A mãe sorriu e falou mansinho:
“Imagine, nenhum anjo usaria um avental de algodão azul como o meu.”
William J. Bennett
Sem comentários:
Enviar um comentário