terça-feira, 20 de março de 2018

VL – Na planta dos pés, o mapa do caminho percorrido!


Aproximamo-nos da festa das festas cristãs, a Páscoa de Jesus Cristo, celebração do mistério que nos dá Deus na plenitude da oferenda do Seu amado Filho, nos faz participantes da vida divina, enraizando-nos na redenção do mundo, incorporando-nos à Igreja, Seu Corpo mísitico, Sacramento de salvação para a humanidade, fazendo-nos portadores da alegria e da esperança, alicerçadas na certeza que Jesus está vivo no meio de nós. 

Um dos momentos plasticamente significativos é a Ceia do Senhor, instituição da Eucaristia e da Igreja, envio dos Apóstolos. Jesus, sabendo que vai ser entregue, anuncia e torna visíveis as regras do jogo: entregando-Se permanecerá presente através do Seu corpo, a Igreja, através da Sua vida, visível à história nas espécies do pão e do vinho, e, por conseguinte, mandata os Apóstolos para que façam o que Ele faz e o façam em Sua memória. A Sua Ressurreição dará vida à missão evangelizadora dos Seus discípulos, transformará o pão e o vinho em Seu Corpo e Sangue, reunirá a Igreja, sob a ação do Espírito Santo, fazendo-nos viver hoje o Seu mistério pascal. 

Na Última Ceia, Jesus exemplifica o caminho que os discípulos devem seguir para O tornarem presente através da história. E o caminho, está bem de ver, é do serviço. Jesus prostra-Se diante dos Seus discípulos e lava-lhes os pés. 

E porquê a escolha dos pés? 

Pedimos emprestadas as palavras de Luigi Epicopo (Só os doentes se curam): 

«Talvez o faça porque debaixo da planta dos pés da pessoa está o mapa do caminho que percorreu. Onde foi, em que poça caiu, que veredas fatigantes percorreu ou quanta erva fresca calcou. Os pés são o símbolo de tudo aquilo que percorremos com a nossa vida. Lavá-los significa libertar-se de toda aquela terra, muito frequentemente feita de dor, que ficou agarrada a eles. Só quando alguém se afastou significativamente da sua própria história é que pode sentar-se à mesa com Jesus e ouvi-l'O; diferentemente, continuará manter o pensamento naquela terra, naquela dor, naqueles pedras cravadas na carne, e já não haverá tempo para aperceber-se de mais nada além dos seus próprios pés. Não haverá pores-do-sol ou paisagens, rostos ou amor, esperanças ou silêncios, cores ou músicas. Toda a atenção se fixará sempre no seu mapa secreto relegado para o fundo do nosso corpo, naquela parte que toca a terra com todo o resto do corpo, da cabeça ao coração... Jesus liberta os discípulos de uma atenção errada e habilita-os a sentir, a ver, a aperceber-se, a comer, a saborear, a chorar...»

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