sábado, 10 de abril de 2010

Quando a Amizade nos Salva!

       Um dia, quando eu era caloiro na escola, vi um miúdo da minha turma a caminhar para casa depois da aula.
       O nome dele era Kyle. Parecia que estava a carregar os seus livros todos. Eu pensei:
       - 'Porque é que leva para casa todos os livros numa sexta-feira ?
       Ele deve ser mesmo um marrão.
       Como já tinha o meu fim-de-semana planeado (festas e um jogo de futebol com meus amigos no sábado a tarde) encolhi os ombros e segui o meu caminho.
       Conforme ia caminhando, vi um grupo de miúdos a correr na direcção dele.
       Eles atropelaram-no, arrancando-lhe todos os livros dos braços e empurraram-no, de tal forma que ele caiu no chão.
       Os seus óculos voaram, e eu vi-os aterrarem na relva a alguns metros e onde ele estava.
       Ele ergueu o rosto e eu vi uma terrível tristeza nos seus olhos.
       O meu coração penalizou-se por ele. -Então, corri até lá enquanto ele gatinhava à procura dos óculos, e pude ver lágrimas nos seus olhos.
       Enquanto lhe entregava os óculos, eu disse:
       - 'Aqueles tipos são uns parvos. Eles deviam era arranjar uma vida própria'.
       Ele olhou para mim e disse:
       - Ei, obrigado!
       Havia um grande sorriso na sua face. Era um daqueles sorrisos que realmente mostram gratidão.
       Então ajudei-o a apanhar os livros, e perguntei-lhe onde morava.
       Por coincidência morava perto da minha casa, e perguntei-lhe como é que nunca o tinha visto antes.
       Ele respondeu que antes, frequentava uma escola particular.
       Conversamos todo o caminho de volta para casa, e carreguei-lhe os livros. Ele revelou-se um miúdo muito porreiro.
       Perguntei-lhe se queria jogar futebol no Sábado comigo e com os meus amigos, ele disse que sim.
       Ficamos juntos todo o fim-de-semana e quanto mais eu conhecia Kyle, mais gostava dele. E os meus amigos pensavam da mesma forma.
       Chegou a Segunda-Feira, e lá estava o Kyle com aquela quantidade imensa de livros outra vez. Parei-o e disse:
       - 'Diabos, pá, vais fazer o quê com os livros de novo?
       Ele simplesmente riu e entregou-me metade dos livros...
       Nos quatro anos seguintes Kyle e eu tornámo-nos melhores amigos.
       Quando nos estávamos a formar começamos a pensar na faculdade. Kyle decidiu ir para Georgetown, e eu ia para a Duke.
       Eu sabia que seríamos sempre amigos, que a distância nunca seria um problema.
       Ele seria médico, e eu ia tentar uma bolsa na equipa de futebol.
       Kyle era o orador oficial da nossa turma. Ele teve que preparar um discurso de formatura. Eu estava super contente por não ser eu a subir ao palanque e discursar.
       No dia da Formatura vi Kyle. Estava óptimo. Ele estava mais encorpado e realmente tinha uma boa aparência, mesmo usando óculos.
       Ele saía com mais miúdas do que eu, e todas as raparigas o adoravam!
       Às vezes eu até ficava com inveja. Hoje era um desses dias. Eu podia ver o quanto ele estava nervoso por causa do discurso. Então dei-lhe uma palmadinha nas costas e disse:
       - Ei, rapaz, vais-te sair bem!
       Ele olhou para mim com aquele olhar, (aquele olhar de gratidão) e sorriu.
       - Valeu, disse ele.
       Quando ele subiu ao oratório, limpou a garganta e começou o discurso:
       - 'A Formatura é uma época para agradecermos a quem nos ajudou durante estes anos duros. Aos pais, aos professores, aos irmãos, talvez até a um treinador. Mas principalmente aos amigos.
       Eu estou aqui para lhes dizer, ser um amigo para alguém, é o melhor que se pode dar, e receber.
       Eu vou-lhes contar uma história...
       Eu olhei para o meu amigo, sem conseguir acreditar, enquanto ele contava a história sobre o primeiro dia em que nos conhecemos.
       Ele tinha planeado suicidar-se naquele fim-de-semana. Contou a todos como tinha esvaziado o seu armário na escola, para que a mãe não tivesse que fazer isso depois de ele morrer, Estava a levar as suas coisas todas para casa.
       Então olhou directamente no meus olhos e deu-me um pequeno sorriso.
       - 'Felizmente fui salvo. O meu amigo salvou-me de fazer algo inominável'.
       Eu ouvia e observava, com um nó na garganta, a atenção de toda aquela plateia, enquanto aquele rapaz popular e bonito contava a todos sobre aquele seu momento de fraqueza. E vi a mãe e o pai dele a olharem para mim e a sorrir com aquela mesma gratidão...
       Até aquele momento eu nunca me tinha apercebido da profundidade do sorriso que ele dirigiu naquele dia.
       Nunca subestimes o poder das tuas acções. Com um pequeno gesto podes mudar a vida de uma pessoa. Para melhor ou para pior.
       Não é por acaso que Deus nos coloca a todos, nas vidas uns dos outros, para que tenhamos de alguma forma um impacto uns sobre os outros.

       Verdadeira ou não, esta estória, mostra que uma pessoa, um pormenor, pode fazer toda a diferença, pode salvar uma vida, ou várias vidas. Faça também a diferença...

2 comentários:

  1. Olá,

    Lindo!!!!!!
    Que a Amizade possa sempre salvar-nos e que nós Cristãos Católicos façamos a diferença!!!

    Obrigada por esta partilha!

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  2. Boa noite,
    Esta estória comoveu-me.Ela mostra bem, o que um pequeno gesto,que pode não parecer, faz...salvar uma vida!
    Isto é AMIZADE.
    Um abraço!

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