quarta-feira, 7 de abril de 2010

Vou-te acusar à Protecção de Menores...

       O André tem 10 anos. É uma criança calma, divertida, alegre, pacífica, inteligente e sensível.
       Mas é uma criança, claro! Há dias fez uma asneira em casa e a mãe repreendeu-o. Pouco tempo depois, fosse por descuido ou para tentar perceber até onde ia a paciência materna, repetiu a mesma asneira. Então a mãe, pessoa muito calma e grande educadora - penso que teria dado uma óptima professora - achou que devia tomar uma posição e deu uma palmada no rabiosque do filho.

       Oh! Foi o bonito!
       - Vou-te acusar à Protecção dos Menores! Fui vítima de violência doméstica. Vais ficar atrás das grades e eu não tenho pena nenhuma!
       - Está, meu filho! E eu vou-te lá levar para não gastares dinheiro no telemóvel. Mas antes levas outra palmada, porque esses não são modos de falares com a tua mãe...
       O pai, que se encontrava no escritório a trabalhar, apercebeu-se pouco depois que havia alegria a rodos na cozinha e aproximou-se, dizendo:
       - Então ainda há pouco parecíeis cão e gato e já estais os dois na maior!...
       - Ó pai, dusculpa lá! - respondeu o André - mas pareces uma criança a pensar! Confundes os tempos. Estávamos chateados há pouco, mas isso já passou.
       - Pois claro - sentenciou a mãe. - A situação normal é estarmos bem. Conversarmos, rirmos, falarmos a sério no respeito pela condição de mãe e de filho. Mas às vezes, há excepções...
       O pai encolheu os ombros, sorriu e debandou, não sem antes poder escutar o André:- Ó mãe, não achas que nas poucas vezes em que nos chateámos, aumentou depois mais a nossa amizade?!
       Pois, onde as famílias funcionam, as coisas são assim.

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